22 fevereiro 2022

A MORTE MATADA DE JONAS SAVIMBI

22 de Fevereiro de 2002. Só com a morte de Jonas Savimbi se consegue assegurar o fim da guerra civil em Angola. É um daqueles casos em que é patente que o materialismo histórico não serve para explicar a História, como pretendiam os marxistas. Karl Marx nunca percebeu nada de África e as massas populares africanas, com toda a legitimidade recíproca, também se estiveram a marimbar para aquilo que Marx achava a respeito do modo de como elas se deviam comportar e definir os momentos decisivos da História. Estes episódios da História de Angola são de uma História de homens. A constatação daquele momento, corroborada pelo que se seguiu, é que, enquanto Jonas Savimbi foi vivo e apesar de inúmeras tentativas, não houve condições para a existência de uma solução política pacífica em Angola; e depois de morto, houve. Há duas versões das circunstâncias da sua morte: em combate ou executado. A versão oficial é demasiado conveniente para ser concludente. Mas, para o que interessa, estes episódios, não sendo gloriosos, são eficazes para os vencedores: recorde-se que já há mais de 2.000 anos os romanos haviam feito o mesmo cá por Portugal, com Viriato e depois com Sertório. O que os vinte anos entretanto transcorridos vieram revelar também, assunto do qual se fala bastante menos, é que a morte de Jonas Savimbi veio revelar, para além de qualquer dúvida, de que massa era feito José Eduardo dos Santos. Se até ali, a guerra fora uma desculpa preciosa para que a esmagadora maioria da população angolana vivesse em muito más condições, com o fim da guerra, e o fim da enorme despesa a ela associada, apenas se terá assistido a um reforço das contas bancárias privativas de tantos figurões que José Eduardo dos Santos caucionou com o seu péssimo exemplo. Ou alguém duvida que Angola sofreu dos problemas de corrupção que ainda sofre sobretudo por causa do presidente que a maioria da sua população havia escolhido?

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