27 dezembro 2017

O SATÉLITE ESTAVA COM MUITO MAU ASPECTO DA ÚLTIMA VEZ QUE FOI VISTO...

Havia uma anedota clássica, a respeito do problema de não anunciar as más notícias de supetão às pessoas de quem se gosta, que colocava um namorado a cuidar do cãozinho de estimação da namorada quando um qualquer acidente imprevisto matava o pobre bicho. Sem saber como anunciar a infelicidade à dona, a «punchline» da anedota era a forma indirecta e ao mesmo tempo grosseira como o namorado procurava preparar o terreno para o anúncio da desdita: - A última vez que vi o teu cão ele estava com muito mau aspecto... Pois bem, este último desmentido do secretário de Estado angolano é do que de mais parecido haverá com o comentário sobre o estado de saúde do satélite da última vez que foi visto. Se se ler o detalhe da notícia, as suas declarações - O satélite fez o seu percurso normal, está na órbita para o qual foi planificadoe temos sob controlo o satélite - não desmentem a ausência de contacto que fora previamente anunciada a partir da Rússia (na verdade, quem acompanha estas coisa sabe que o programa espacial russo também tem tido os seus episódios menos felizes). Claro que é tremendamente ingrato assumir a expedição de 270 milhões de euros de tecnologia para o lixo... cósmico, e é preferível fazer-se de optimista e ir dando a má notícia aos bocadinhos. Não se tratando disso, então há alguém que detesta o actual regime angolano e que tem o péssimo mau gosto de lançar boatos não substanciados sobre as realizações técnicas do país.

Adenda: Dois dias depois, o construtor russo anunciou que, felizmente, as comunicações haviam sido restabelecidas com o satélite. Quanto à hipótese rebuscada que apresentei no fim do parágrafo precedente, um texto como o abaixo, de um humor estranho a parodiar as populações das regiões remotas de Angola, é indicativo do quanto a hipótese é bem capaz de não ser assim tão descabida.

2 comentários:

  1. Caro A. Teixeira, o bicho funcemina ou não? Inicialmente estava perdido e milhões de dólares ficariam na lixeira cósmica. De seguida a adenda parecia dar alento ao sucesso da operação mas, o fim da adenda aparentemente espelha a primeira previsão. A vida é hoje uma sucessão infindável de casos que por
    mais graves que sejam poucos dias estão da agenda. Somos metrelhados por tantos acontecimentos "maus" que nunca saberemos o final. De momento lembrei-me das experiências com um medicento que a sucursal da Bial de Lyon fez com humanos, de que resultou a morte de 3 ou 4 pessoas e danos irreversíveis noutras, já não me lembram quantas e nada mais se soube.
    Tudo isto para lhe pedir se souber de novas, sobre o satélite peço-lhe o subido favor de me informar.
    Só lá estive 25 meses, por obrigação militar, mas gosto tanto daquela gente. Quero o melhor para aquele quadrado no Ocidente de África.Isto mais parece uma confissão. Seja.Casei cá numa altura que aparentemente já não seria mobilizado, mas ela veio e o acto estava feito; fui colocado no QG, aquela que ainda há 3 meses era namorada passou a esposa e também para lá partiu.Da nossa vivência trouxemos um filho com 6 meses e é talvez por isso que gosto tanta daquela gente, que partindo do nada está a construir um país devastado, apenas há pouco mais de 40 anos.

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  2. Desabafo por desabafo: curiosa cultura esta, a das caixas dos comentários destas redes sociais, que nos permitem saber mais pormenores sobre a forma como foi cumprido o serviço militar do que a identidade de quem comenta.

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