23 maio 2017

A VOLTA À GÁLIA (24)

Este penúltimo quadrado com a resposta à reclamação de Obélix de que havia pedido um prato e recebido outro tem ressonâncias algarvias que nos serão estranhamente familiares. Acrescente-se que, naquele caso, fica-se com uma certa pena que o estalajadeiro não tenha recebido o tratamento que Obélix costuma dispensar aos romanos.
Mas o tema que domina a prancha é a estrada nacional 7 (acima), tradicional percurso dos parisienses (e não só) para o Sul nos meses de férias e palco dos colossais engarrafamentos acima parodiados. Alguns anos antes da publicação de A Volta à Gália, no Verão de 1955, Charles Trenet cantara um sucesso musical a respeito da famosa estrada.

A construção de uma auto-estrada para substituir a famosa Nacional 7 foi até uma das prioridades da década de sessenta, uma iniciativa que, por causa do aumento do tráfego, acabou por não solucionar a tradicional imagem de marca da via nos meses de Verão como se vê por esta fotografia abaixo, que é bem recente.
Mas o tema continuou recorrente. Pensando no casal que acima se abraça, diga-se que quase uma década depois da publicação inicial de A Volta à Gália, em 1972, Michel Fugain, cantava uma história de amor (Une Belle Histoire), um fugaz encontro que ocorria precisamente na auto-estrada das férias (autoroute des vacances), quando «ele regressava a casa, lá em cima, em direcção ao nevoeiro» e «ela descia em direcção ao sul...».

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