10 março 2017

OS FANTASMAS DA TRANSIÇÃO ESPANHOLA

Já aqui havia falado mais desenvolvidamente do tema (se em suportes como estes fizer algum sentido utilizar o advérbio desenvolvidamente) da descolonização espanhola do Sahara que se sobrepôs à transição da Espanha de Francisco Franco para a de João Carlos. Este livro, publicado em Outubro de 2015, quando se completavam quarenta anos sobre o pico dos acontecimentos, é uma prova de que o assunto, apesar de estar olvidado por uma imensa maioria de espanhóis, não estará esquecido por todos e que, quanto a descolonizações exemplares, não houve nenhuma potência colonial que as tenha tido, há algumas potências é que, quando o seu impacto social e político não foi grande, as tentaram varrer para debaixo do tapete. Este mapa (p. 13) é mais uma daquelas demonstrações de como, também no caso espanhol, os amplos espaços africanos de além mar minimizam as áreas das metrópoles europeias.
Uma página cheia de humor (p. 532), reminiscente do livro Pantaleão e as Visitadoras de Vargas Llosa, foi o episódio associado à má planificação e à evacuação prematura de algumas civis residentes na colónia, e cuja ausência se fez sentir significativamente no moral das tropas, o que obrigou a que um oficial do estado-maior, o comandante (major) Vázquez Labourdette, tivesse que ir a Las Palmas para fazer um conjunto de contratações que normalmente não costumariam cair no âmbito das tradicionais contratações de géneros da 4ª Repartição (logística) do estado-maior do exército. Aquele último momento de refluxo de passageiras, chegadas num voo charter propositadamente fretado à Ibéria, terá sido de um grande conforto moral para as últimas guarnições ainda destacadas no Sahara espanhol...

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