05 março 2016

POR UMA QUESTÃO DE PRINCÍPIO OU POR UMA QUESTÃO DE CIRCUNSTÂNCIA?

Começo por deixar bem claro que esta minha associação fotográfica de Maria Luís Albuquerque com Joaquim Pina Moura não é daquelas destinadas a branquear a primeira contrapondo o exemplo do outro. É evidente que Maria Luís Albuquerque não devia ter aceite o convite que lhe fizeram e, para quem já não se lembre, Pina Moura foi o ministro da Economia e depois das Finanças dos governos de Guterres que foi ganhar umas massas para a Iberdrola após cumprir canonicamente o período de nojo a que a Lei o obrigava. Não houve notícias que o tivessem votado ao ostracismo, que houvesse quem tivesse rompido socialmente com ele, talvez o contrário. Ilustra-nos sobre o que pode ser a evolução da questão do momento, o cargo de Maria Luís Albuquerque, também ex-ministra das Finanças, e sobre a exuberância das indignações manifestadas pelas redes sociais com a atitude da ex-ministra de Passos Coelho vindas de um lado do espectro político, tão significativas quanto o significativo recato silencioso vindo do outro lado, e a minha pergunta é se o comportamento público seria o mesmo ou, pelo menos, protagonizado pelos mesmos, se a figura em causa neste momento pertencesse ao lado inverso do espectro político? Tenho a certeza quase absoluta que não. É que nestes casos nada me afasta da constatação de os ver discutidos como se se tratassem de casos de arbitragem de um jogo de futebol: as regras do jogo variam conforme o local do campo onde se desenrolou a jogada. Como sociedade, enquanto houver esta percepção generalizada de que uma grande maioria das opiniões que se exprimem dependem das circunstâncias e não dos princípios, não há ética que nos valha.

1 comentário:

  1. Não sendo decalcáveis, como muito dificilmente poderia acontecer, são ambas atitudes absolutamente condenáveis que, infelizmente, se sucedem umas às outras a um ritmo infernal e inadmissível. A única observação que faço é a de que me parece não ter sido dada a esta última menos destaque (antes pelo contrário) ou ter sido descrita ou encarada com menor desconforto e azedume. Mas, sim, invariavelmente, a discussão assume-se e faz-se demasiadamente em função de critérios clubísticos, como se se tratasse de meros fait-divers futebolísticos.

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