25 março 2016

«FROM THE DULL TO THE BRIGHT SIDE OF LIFE»


Na minha infância a Sexta-Feira Santa era um dia pesado de solenidade. Não se podia comer carne. A programação radiofónica e televisiva caprichava na soturnidade, tudo peças clássicas como a Paixão segundo São Mateus de J.S. Bach acima, acompanhadas por um serão transmitido pela Eurovisão de Roma onde se exibia uma Via Sacra multilingue protagonizada pelo Papa Paulo VI que rivalizava em previsibilidade com a do ano anterior. Compreenda-se que naqueles tempos só se mobilizava a Eurovisão para qualquer transmissão interessante e aquilo, decididamente, não o era. Enfim, tanto se esmerava na tristeza que o ambiente nem chegava a recuperar com o Sábado de Aleluia e a pretensa alegria da Ressureição de Cristo do Domingo de Páscoa mal chegava para conseguir saldar a disposição do fim de semana prolongado, como se se tratasse de um balancete contabilístico. Até que nos anos 70 alguém nos veio mostrar que não era necessário ser assim, que até uma cerimónia de crucificação podia ser abordada de uma forma refrescada: os Monty Python com Always Look on the Bright Side of Life

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