02 março 2016

A CROÁCIA DE ANTE PAVELIC

Ante Pavelić (1889-1959). Esta pouco simpática, pouco fotogénica e pouco carismática pessoa foi o líder do Estado Independente da Croácia entre 1941 e 1945. Frequentemente referido pelas iniciais da sua designação em croata, NDH (Nezavisna Država Hrvatska), essa Croácia dos meados do Século XX representava uma construção artificial patrocinada pelos dois países do Eixo. Era um estado-satélite que fora construído a partir do fraccionamento da Jugoslávia e destinado a aliciar o nacionalismo croata, incorporando regiões habitadas maioritariamente por bósnios e por sérvios. Apesar de possuir teoricamente uns 7 milhões de habitantes em 115.000 km² (muito equivalentes aos 7,7 milhões em 92.000 km² do Portugal de então), a Croácia de Pavelić era um projecto frágil, assente numa multitude de anacronismos. Era, por exemplo, uma monarquia, onde o monarca designado, um príncipe da Casa Real Italiana a quem fora atribuído o nome histórico de Tomislau II, nem se dispusera a morar em Zagreb, a capital. Abdicou em 1943. O poder real (se algum sobrava do que era detido sobretudo pelos alemães...) pertencia ao poglavnik (réplica croata equivalente às designações de duce e führer). E esse era Ante Pavelić - que não ficou recordado para a História pela sua habilidade política. Sobre ele escreveu Ante Ciliga (1898-1992), um seu compatriota contemporâneo, vindo do comunismo para o nacionalismo croata e transitoriamente seu aliado durante aqueles anos: ...com as suas políticas e em muito poucas palavras, Pavelić conseguiu desunir os croatas, unir os sérvios, dar força aos partisans comunistas e atrelar cegamente a causa croata àqueles que estavam destinados a perder a guerra. É difícil conceber uma política mais suicida. Em baixo, pode ver-se um documentário em croata mostrando uma visita sua a Berlim. Era para passar em Zagreb; em Berlim o assunto mereceria o interesse sintético da fotografia que se segue. São imagens que a Croácia moderna, apesar de muito europeísta, não terá grande interesse em recordar.

Tudo isto para recordar o passado longínquo da Croácia, mas também o mais recente de Portugal, lembrando que há imagens que parecem ser vantajosas numa época precisa e que o vão perdendo, ao interesse e à conveniência, há medida que o tempo passa...

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