12 fevereiro 2016

A CIÊNCIA DA OPINIÃO É MUITO DIFERENTE DA OPINIÃO SOBRE A CIÊNCIA

Se há aspecto em que Portugal não estará na cauda da Europa e de que podemos mesmo orgulharmo-nos é da riqueza do número de opinadores televisivos que por cá existem. Por intermédio de Paulo Baldaia (o segundo da esquerda da fila superior), fiquei a saber que entre eles, haverá quem goste de se conceber como fazedores de opinião. Mais prosaica e modestamente estão prontos a opinar sobre tudo, mesmo, ou sobretudo, sobre aquilo para o qual não temos dúvidas nem houve mostras de que precisássemos da sua opinião, embora as televisões achassem que sim, tomando-nos no processo por mais imbecis do que aquilo que seremos. Só que por esta vez eu preciso mesmo de auxílio, porque o assunto é complexo, esta notícia da comprovação da existência de ondas gravitacionais, confirmação da Teoria da Relatividade Geral de Einstein de há cem anos.

Fora a The Economist, que tem um artigo razoavelmente desenvolvido sobre o assunto (embora em inglês), ou mesmo um vídeo do IST (abaixo) colocado já há dois anos no Youtube (portanto antes da descoberta actual), quem é que da insigne galeria dos 16 distintos opinadores do quadro inicial¹ podemos escolher para que nos pudesse dar uns esclarecimentos sobre a matéria?... Talvez nenhum e deve ser por isso que quando são anunciados os galardoados com os prémios Nobel há imensas opiniões sobre o da Paz, variadíssimas e especializadas sobre os da Economia e da Literatura e um silêncio sepulcral sobre as categorias restantes (Medicina, Física, Química). Mas confesso que gostaria de perceber o que distingue este anúncio (e a evidente publicidade que lhe tem sido a ser associada) de outros que haviam sido anunciados anteriormente. Adenda: a resposta à questão foi-me dada pelo mesmo Vítor Cardoso que aparece abaixo numa entrevista ao Público - o primeiro anuncio (de 2014) fora um falso alarme (desmentido porém com muito menos exuberância).

¹ Da galeria foram excluídos: a) o professor Marcelo Rebelo de Sousa por inerência das suas recentes funções e b) José Pacheco Pereira porque esse de quando em vez fala de ciência e era mesmo capaz de correr o risco de se referir ao assunto.

3 comentários:

  1. Há uns meses, isto fazia notícia, pondo mais um fim (repetido) na teoria de Einstein:

    http://www.dutchnews.nl/news/archives/2015/10/dutch-scientists-show-einstein-was-wrong-about-spooky-action/

    Por isso, na disputa por fundos de investigação, que alimentam muitas bocas, mais as bocas de gozo, era importante à comunidade de fiéis de Einstein que os seus sacerdotes arranjassem maneira de inventar qualquer tanga, uma prova de vida, o mais rápido possível.

    Ou seja, é ciência da caça ao cacau, por via do gambozino.

    Que se diga que Einstein previu as ondas gravitacionais, é como dizer que receita que leva sal, dá prato salgado... e dizer que um desvio de 1/10 de protão é prova disso, remete para um nível muito abaixo da unidade de medida que Catroga usa.

    A NASA continua a imitar Hollywood, agora até colocam vídeos de buracos negros a girar, e nem se dão já ao trabalho de salientar que 99.9999% do que publicam é apenas Photoshop.

    Enfim, isto é apenas uma pequena amostra de como a população é gozada com simulações de orgasmo.

    Cumprimentos,
    e parabéns pelo blog, que aprecio.

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  2. Segundo percebo - e para lá chegar não contei com a colaboração de nenhum dos 16 comentadores encartados do painel - existe uma inerente contradição conceptual entre Einstein e Planck. As duas teorias pretendem explicar o mesmo fenómeno e mostram-se funcionais embora a escalas diferentes. Porém, pela lógica, uma delas terá de estar errada, senão mesmo as duas.

    O Santo Graal científico dos tempos modernos será uma tal teoria do tudo que as substituirá e de que já aqui havia falado a propósito de um texto que aparecera numa Science & Vie de há uns oito anos.

    O resto é, como diz e bem, uma batalha pelos financiamentos, mas não posso deixar de acrescentar que, a experiência me tem mostrado que, se uma notícia confirmando Einstein consegue grande projecção mediática, uma notícia desmentindo-o consegue uma projecção ainda maior.

    Obrigado pelas suas amáveis palavras finais. Cumprimentos

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  3. Meu caro,
    faz muito bem em apontar que o estrelato televisivo está cheio de buracos negros... alguém deve dizê-lo. Até porque os faróis de sinalização não devem ser confundidos com estrelas, pois ou a simulada luz própria é fornecida por ligação à barragem, ou então é simples reciclagem, de argumentos.
    Para cumprir a prova de vida semanal, sacrificam a prova de inteligência. Sinais destes tempos.

    Sobre as duas teorias, tem razão, e em ambos os casos há muito dinheiro investido em gambozinos, que tem sido o afastamento da ciência da utilidade prática, e o progressivo caminho para uma religião da "tudologia".

    Mesmo assim, há uma diferença conceptual. A relatividade é praticamente um folclore que tem sido alimentado por uma comunidade que vive do princípio medieval "magister dixit". Já foi provado várias vezes que há interacções instantâneas devido ao fenómeno de entrelaçamento, mas fazem de conta que isso não interessa, e continuam a proclamar que nada há mais rápido que a luz... e como a teoria não serve para nada de útil, concentraram-se na ficção dos buracos negros, início do universo, etc... buracos argumentativos mais dignos da astrologia do que da astronomia.

    É suposto existirem buracos negros, mas não há um único vídeo (real, bonecos da NASA há muitos) de nada a ser puxado para um deles. O que tem são interpretações de imagens estáticas... e é mesmo muito azar de observação.
    Há apenas uma interpretação do efeito de Doppler, como se achasse que os jogadores do Benfica (vermelho) se afastam, enquanto dos do Porto se aproximam (azul). E, da interpretação conveniente do espectro da luz se tem concluído praticamente tudo e mais alguma coisa em astrofísica, que depois é passado como verdade inquestionável ao povo e alunos. Habituados à inverificabilidade, passaram para assuntos como a origem do universo, e outras fantasias sobre o mundo envolvente, que as formigas podem ter antes de ser esmagadas por um pé ocasional.

    Havia só um problema com a gravidade de Newton na posição de Mercúrio. Einstein modificou as coisas para baterem certo. Como só havia uma medida a ajustar, a coisa até bateu certo, mas as medidas do início do Séc. XX estavam erradas...
    Ora, a comunidade é grande, muito agressiva, e não desaparece só por provas em contrário. Ora essa! Reajustou-se o termo adicional, e a partir daí não foi mais a teoria a sujeitar-se à experiências, mas sim as experiências a serem explicadas pela teoria... nada de novo. A ciência é uma comunidade humana, como outra qualquer.

    No caso da mecânica quântica não há tanto esses dogmas do "magister dixit", pois podem fazer-se experiências na Terra, e em contrário há é "coisas escondidas", como o fenómeno "double slit":
    https://www.youtube.com/watch?v=LW6Mq352f0E

    onde basicamente se conclui que os electrões se comportam de forma diferente, consoante a experiência seja controlada ou não. Pior que isso, "adivinham" a intenção dos investigadores... porque chegam à tela antes do controlo e registo ser feito.

    Como isso implicaria haver "electrões inteligentes" que conhecem o futuro, e topam a intenção dos cientistas, o fenómeno tem sido varrido para debaixo do tapete.

    http://odemaia.blogspot.pt/2014/07/duplo-corte.html

    Cumprimentos, e obrigado pela resposta.

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