01 dezembro 2015

O DIREITO À DISCORDÂNCIA

Estou a acabar de ler este Thunder on the Dnepr. É um livro já antigo (originalmente publicado em 1997) que comprei naquela espécie de salvados e restos de colecção que aparecem na FNAC. A tese do livro é, no mínimo, arrojada: toda a primeira fase da gigantesca Operação Barbarrossa, entre Junho e Dezembro de 1941, havia afinal  sido antecipada pelos soviéticos e tudo não terá passado de uma ardilosa manobra preparada de antemão por Jukov e Timoshenko que conduziu à derrota da Wehrmacht às portas de Moscovo em Dezembro de 1941. Em suporte da tese, o livro (que tem 350 páginas) beneficiou da abertura dos antigos arquivos soviéticos que existiu durante a década de 1990 (e que entretanto, com Putin, foram reencerrados) e inclui quase 50 páginas com notas adicionais e apêndices, alguns deles que são apresentados como inéditos. Tudo isso não impede que uma apreciável percentagem das apreciações mais fundamentadas que li a seu respeito, arrase o livro. E, na minha modesta opinião, com alguma razão, pois no seu esforço para desfazer o mito da impreparação dos soviéticos os autores acabam por acentuar em excesso quanto tudo não terá passado de uma espécie de derrapagem controlada em que Estaline e a Stavka permaneceram sempre no controle dos acontecimentos. Como assinalam as críticas (entre outros argumentos), o controle não devia ser assim tanto, quando os soviéticos perderam nos primeiros seis meses mais de 3 milhões de homens aprisionados... Mas, mesmo na discordância, é sem esforço que estou a ler o livro até ao fim porque considero que há que preservar o respeito pela opinião diversa, nestes casos em que ela é devida e validamente fundamentada.

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