12 novembro 2015

...EM SEDE DE... E NAS FILIAIS NÃO?

O facto de a expressão em sede de ter sido objecto de uma análise nas Ciberdúvidas da Língua Portuguesa em 1997 mostra a antiguidade da locução e das dúvidas sobre a sua propriedade. Mas a conclusão que ali se tira (contra o seu emprego por se tratar de um estrangeirismo) não impediu que a expressão medrasse e que, dezoito anos depois, como que atingindo uma espécie de maioridade, ela se tivesse consagrado plenamente no discurso político. Habituámo-nos a ouvir Pedro Passos Coelho a não se referir a qualquer um dos impostos sem o preceder dessa locução. Ouvíamo-lo dizer sempre em sede de IRS ou em sede de IVA, sem perceber o que ela acrescentaria à referência simples a qualquer dos impostos, num daqueles requintes gongóricos que os assessores terão gostado porque terão presumido produzir efeito no eleitorado. Se calhar era assim. O que é verdade é que, e como é costume nestas circunstâncias, produzia efeito no PSD e foram os seus discípulos a copiarem-no, apropriaram-se da locução e com ela franquearam novas fronteiras inexploradas do disparate. Ainda num recente discurso pronunciado durante o debate da moção de rejeição do XX governo, podemos ouvir Paula Teixeira da Cruz a empregá-la no contexto de indicadores em sede de exportações (sic)... E só apetece dizer: Mas que bem que eles falam! Se aos indicadores em sede de exportações ainda reunirmos os das filiais...

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