01 outubro 2015

UM MILHÃO DE DÓLARES CADA VIET

Quando eu li Um Milhão de Dólares cada Viet (1965) pela primeira vez já a Guerra do Vietname terminara. Mas a leitura foi-me mesmo assim muito útil porque terminara havia muito pouco tempo. As vitórias de guerrilheiros em guerras subversivas estavam então na ordem do dia. E apesar dos dez/onze anos entretanto transcorridos, percebia-se o efeito de choque que este livro podia ter tido quando fora originalmente editado. A começar pelo impacto do primeiro mapa que lá aparece (abaixo) que nos mostra as zonas do Vietname do Sul então controladas respectivamente pelas forças governamentais e pelos rebeldes do vietcong. A superioridade destes últimos, naquela versão do mapa, é ilusória e, pelo menos, controversa, mas constituía uma contradição com o padrão noticioso de então. Além disso, o livro está profusamente ilustrado com fotografias de um género muito pouco institucional:
na foto que se exibe mais abaixo, a tinta do capacete do metralhador norte-americano está a descascar e isso era um pormenor que qualquer oficial de relações públicas não deixaria escapar. Mas o que retive do livro e que confirmei com a sua releitura recente foi a parcialidade despeitada do autor, Jean Lartéguy, num ajustar de contas com um passado que ele acreditava poder ter sido diferente, tivessem os norte-americanos disposição de defender os interesses franceses como se fossem os próprios. Depois de descrever o tremendo potencial de combate dos norte-americanos ao chegarem ao Vietname do Sul, escreve (p. 84): Mas não posso impedir-me de pensar que com a décima, a centésima parte de todo este material, se os americanos tivessem então intervindo, as divisões de Giap teriam sido esmagadas em torno de Dien-Bien-Phu. Isso, dez anos depois e cinquenta anos depois, comprova-se que não passavam de ilusões...

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