10 setembro 2015

QUAL ERA MESMO A PIADA?

Há uns dias deparei-me com o texto acima no facebook: Uma miúda de 21 anos ofereceu-se hoje para ter sexo comigo. Em contrapartida, era suposto eu publicitar um qualquer detergente de casa de banho junto dos meus amigos. É claro que me recusei porque sou uma pessoa de elevados padrões morais e de enorme força de vontade. Tanta quanto a do Ajax, o fortíssimo desinfectante de casa de banho, agora também disponível nos aromas de limão e baunilha. Isto é suposto fazer-nos rir, mas eu lembro-me de José Manuel Fernandes a fazer isto muito a sério enquanto director do Público no Verão de 2006, quando se deslocou a Israel a expensas daquele país (frete assumido por escrito em todas as reportagens, valha o elogio) para fazer a cobertura da invasão do Líbano. Claro que a objectividade da cobertura dos acontecimentos feita pelo enviado se pode apreciar no exemplo da capa da edição daquele jornal de 17 de Julho de 2006.
O destaque dos títulos e da fotografia vai para os civis mortos na cidade mais tolerante de Israel (Haifa) – esqueceram-se de especificar que haviam sido 8 mortos causados pelos mísseis do Hezbollah quando atingiram a estação de comboios local. No subtítulo, bem menor, lê-se que, entretanto, os israelitas haviam provocado uns 45 mortos no Líbano, mas isso seria necessariamente menos importante... Seremos todos iguais na morte mas, no livro de estilo do jornalismo de José Manuel Fernandes, haveria evidentemente uns mortos que são mais iguais que os outros. Com este abandono descarado de qualquer pretensão de isenção e imparcialidade jornalística, protagonizado por pessoas como José Manuel Fernandes, um destes dias, o autor da piada da promoção encapotada ao Ajax vai passar pela vergonha de não fazer rir ninguém.

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