17 junho 2015

SANTA CASA SANTA

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa teve resultados líquidos positivos de 4,9 milhões de euros, anunciou aqui há uns dias em conferência de imprensa Pedro Santana Lopes. Não me recordo de outra apresentação com enfâse semelhante em algum dos anos anteriores após Pedro Santana Lopes ter assumido o cargo de Provedor em Setembro de 2011. Mas aquilo que considero mais interessante no relatório, e que porventura parece não ter sido explicado...
...pelo Provedor durante a sua apresentação, é o que é apresentado no relatório a partir da página 288 e seguintes (já nos anexos...), classificado como Alterações nas Políticas Contabilísticas. O impacto de tais alterações terá sido repercutido no exercício anterior (2013) e não no exercício ora apresentado (2014) mas, mesmo assim, é possível quantificar essas repercussões na imagem contabilística da instituição quando se comparam dois quadros que se apresentam mais abaixo.
 A SCML reconhecera ter tido um lucro líquido de 1,1 milhões de euros no exercício de 2013 quando da apresentação de contas do ano passado (no quadro abaixo), agora reconhece que afinal terá tido naquele mesmo exercício um lucro (reexpresso) algo superior: 9,6 milhões de euros, conforme se vê no quadro seguinte, do relatório apresentado há dias. Não restam dúvidas que estes 8,5 milhões de diferença, mesmo retroactivos, transmitirão decerto uma outra imagem da instituição.
O que é bizarro em tudo isto é eu não ter encontrado nenhum órgão de informação que, noticiando a apresentação das contas, tivesse chamado a atenção para esta subtil modificação do histórico financeiro da instituição. Decerto que não haverá nada de ilegal no ajustamento que foi feito (as contas são auditadas), mas politicamente o Provedor continua a ser Pedro Santana Lopes, um ex-primeiro-ministro e presidente de Câmara reputado pela sua completa indisciplina financeira.
Uma última nota adicional, que poderá desmentir coisas que se escrevem por aí: em 2010, ainda sob o Provedor Rui Ferreira da Cunha (do PS), a remuneração global dos 7 membros dos Órgãos Sociais totalizou 443 mil euros (p. 287 do Relatório e Contas desse ano), ou seja, uma média de 63,3 mil euros por cada membro; em 2014, já sob Pedro Santana Lopes (PSD), a remuneração total dos 5 membros dos Órgãos Sociais desceu para 350 mil euros (p. 313), embora isso corresponda a uma remuneração média superior, de 70 mil euros por cada membro (5 mil euros/mês). Mas, se se confirmar que Santana Lopes não é remunerado pela função, conforme foi anunciado pelos jornais quando tomou posse, então esse valor médio corresponderá a 87,5 mil euros por vogal, o que significará que a função (e pessoas como Fernando Paes Afonso ou Helena Lopes da Costa que aparecem na segunda fotografia deste poste a ladear Pedro Santana Lopes) terá recebido um aumento médio de 38% nestes últimos 4 anos.

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