16 fevereiro 2015

Ó MAR SALGADO, QUANTO DO TEU SAL

Considero esta fotografia tão rica que, em vez de a estragar com um título menor de minha autoria, preferi-a esconder por debaixo da primeira estrofe do conhecido poema de Fernando Pessoa.

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Na fotografia, ao contrário do poema, não se chega a sulcar o mar, ficamo-nos pelas suas margens, mas não é por isso que deixa de ser uma daquelas fotografias que se sente visceralmente nossa, portuguesa, tirada na Nazaré por um norte-americano – Bill Perlmutter – que mostra pelos resultados ter-nos captado até à essência. Com a foto também nós sentimos a frescura da areia da praia nos pés descalços e compartilhamos com os espectadores a curiosidade de descobrir o que provoca aquela concentração de gaivotas sobre a arrebentação, como mirones intemporais de uma paisagem bucólico-marítima.

1 comentário:

  1. A concentração de gaivotas é provocada por robalos que, atacando um cardume de peixe pequeno, como a sardinha, por baixo, o obriga a vir à superfície, onde as gaivotas se podem alimentar.
    Há muitos anos que não vejo este fenómeno que, quando acontecia ao alcance da minha cana de pesca, me proporcionava uns robalos fáceis...

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