06 outubro 2014

PROCLAMAÇÃO AOS HABITANTES DA CIDADE DE LOVAINA

Por ordem da Autoridade Militar Alemã, dois dos nossos autarcas, os senhores Leo VANDERKELEN, senador e vereador, e Emiel SCHMIT, vereador, acabaram de ser detidos e serão mantidos como reféns para responder pela boa ordem e tranquilidade pública.
A população compreenderá que, nas circunstâncias trágicas que se apresentam, a tomada de reféns lhe imporá prudência e circunspecção.
O menor acto de hostilidade para com as tropas alemãs, oficiais e soldados, afectará a vida dos reféns.
A sua vida está assim nas vossas mãos. A afabilidade para com as tropas alemãs torna-se assim para todos um dever imperativo.
É um dever que todos saberão satisfazer e a que terão a honra de se manter fiéis.   
 
Lovaina, 20 de Agosto de 1914
 
O Burgomestre
Leo Colins

Lovaina é uma tradicional cidade universitária belga, situada na metade flamenga da província do Brabante. Embora o idioma falado nas suas ruas seja o flamengo, o cartaz acima, mandado afixar pelas autoridades militares alemãs quando da sua invasão em Agosto de 1914, no início da Primeira Guerra Mundial, é bilingue. Mas essa parece ser a única condescendência para com as idiossincrasias dos habitantes do país invadido. O conteúdo e o estilo do anúncio não deixam o mínimo espaço à simpatia e/ou à persuasão. Provavelmente por causa disso, são também notórias as rasuras na assinatura de quem assina o cartaz, o burgomestre Colins, ao contrário de tantos outros, não terá optado pela política de apaziguamento. Foi há precisamente cem anos e pode dizer-se que os alemães ainda não eram os nazis mas já eram nazis.

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