04 setembro 2014

ENTRE DUAS DEMAGOGIAS


Podemo-nos sentir acossados, mas suspeito que o espaço que existe entre estas duas demagogias, a de cima (vídeo 0:50) e a de baixo (vídeo 2:04), é amplo e permitirá que exista nesse espaço uma vasta pluralidade de propostas de solução para tentar encontrar caminhos que façam sair Portugal da crise que o domina. O que é fundamental é que, na qualificação da situação presente, não comecemos por nos martirizar, como se pretende acima, ou por nos desresponsabilizar, como se pretende abaixo. É um completo disparate atribuir a nossa salvação às intenções beneméritas de estrangeiros que, ao contrário de nós, perdulários, sempre se mostraram probos, assim como é um outro disparate andarmo-nos a lastimar por não termos feito aquilo que foi feito por aqueles que elegemos (e reelegemos) livre e consecutivamente para nos governar. Em política internacional nunca existiu essa coisa do altruísmo (muito menos dos pobrezinhos!) e é uma vergonha ouvirmos um primeiro-ministro exprimir-se assim. E numa Democracia a soberania é do povo e é uma estultícia vir agora alguém versejar pretendendo que colectivamente nada tivemos a dizer na forma como o país evoluiu. Quem olhar de fora para estas dois formatos demagógicos de descrever a crise pode sentir-se, como acima referi, acossado, mas apenas se não se aperceber do quanto a agenda política e a mediática conjugadas parecem hegemonizar a forma de descrever a situação nestes termos absurdos.

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