23 março 2014

SOBRE A INCONTINÊNCIA URINÁRIA E A AUTORIDADE POLÍTICA


Esta foi, para mim, uma estreia. Não tenho conhecimento de outro episódio em que a incontinência urinária se houvesse tornado num tópico principal de uma disputa eleitoral. O episódio conta-se sucintamente: durante um comício em Barranquilla na Colômbia, o presidente e candidato à reeleição Juan Manuel Santos foi filmado discursando enquanto as suas calças iam adquirindo progressivamente uma tonalidade inequívoca na zona púbica. Por mim, o mais incomodativo naquele vídeo é mesmo o primarismo dos lugares-comuns que o visado profere na ocasião. Mas o vídeo foi depois colocado na internet, ridicularizando-o. Como se tem de fazer nestas ocasiões, o presidente reagiu vitimizando-se, tentando despertar a empatia do eleitorado, explicando que se tratara das sequelas de uma operação à próstata a que ele se submetera há ano e meio. Entretanto, num outro continente – quiçá num outro planeta – Silva, um homólogo do presidente Santos, fazia um apelo para que se evitassem querelas artificiais e controvérsias estéreis numa próxima campanha eleitoral, esquecendo-se de ter presente que as regras do marquês de Queensberry só vingaram porque o júri se reserva para si a capacidade de desqualificar quem não as cumprir.

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