27 novembro 2013

RAPARIGA MODERNA COM BRINCO DE PÉROLA

Antigamente tinha os japoneses por estranhos não apenas por causa das suas exclamações pronunciadas em vogais arfadas mas sobretudo pela densidade de máquinas fotográficas que uma multidão deles carregava consigo, sempre em uso, abstractos da importância do momento e da conveniência do gesto. Actualmente, com a invenção do telemóvel–fotografador parece que a doença se propagou ao resto da humanidade. Não há ocasião que se suspeite assim mais importante que não haja logo dúzias que rapem do telemóvel para lhe dar uso fotográfico. Vale a pena parodiar essa compulsão através destas duas versões do quadro da Rapariga com Brinco de Pérola de Johannes Vermeer (Século XVII): é que, houvesse já então telemóveis e a pintura de Vermeer perderia toda a importância.

2 comentários:

  1. " é que, houvesse já então telemóveis e a pintura de Vermeer perderia toda a importância..."

    Está a brincar ou nunca viu uma pintura de Vermeer.

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  2. Não, não estou a brincar mas confesso que por vezes vivo na ilusão que este blogue só tem leitores informados, com um mínimo de inteligência e de imaginação.

    Eu explico-lhe então: é que, se no Século XVII já houvesse fotografia, isso teria empurrado as correntes artísticas da pintura para outros formas de expressão (abstracta, por exemplo), como aconteceu, de facto, a partir do Século XIX.

    Vermeer seria porventura um pintor (empregando um outro estilo) ou um fotógrafo famoso (como Robert Capa) ou ainda um realizador de cinema... Mas quantos pintores contemporâneos conhece famosos apenas sendo retratistas ou tendo por tema principal das suas obras cenas do quotidiano?

    ...e mais uma coisa: não empregue as minhas frases entre aspas para sustento da sua argumentação. Sei quanto pode ser-lhe mais fácil mas dá-me sempre a impressão que o faz porque lhe será demasiado difícil ter de refrasear os meus argumentos para os rebater devidamente. O que não abona em favor da sua alfabetização.

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