18 novembro 2013

QUEM DESDENHA, QUER COMPRAR

Como as Galas da Bola de Ouro da FIFA, também os Óscares da Academia de Hollywood são uma competição opaca: nunca se refere quantos e quem são os membros da Academia que elegem os premiados; fala-se vagamente de uma empresa de auditoria que valida as votações mas nunca se tornam públicos os resultados para se saber se o vencedor do Óscar ganhou folgadamente ou se houve disputa; antes dessa fase, a forma como se processa a pré-selecção de onde saem os cinco nomeados em cada categoria assemelha-se a algo secreto, reservado apenas aos entendidos.
De há quarenta anos para cá, dois famosos realizadores de cinema adoptaram duas posturas precisamente opostas quanto à deferência que atribuem aos Óscares da Academia. Por um lado há Woody Allen, que começou por ter caído no goto dos anónimos membros da Academia que lhe concederam em 1978 o Óscar por Annie Hall (mais acima), distinção à qual Allen respondeu com a indiferença de nem sequer ter comparecido na cerimónia. Em contrapartida Steven Spielberg acumulava sucessos de bilheteira (acima, Jaws de 1975) sem o correspondente reconhecimento em Óscares.
Durante as décadas que se seguiram Allen continuou a ignorar Hollywood enquanto Spielberg engoliu sucessivos desaforos e continuou a cortejar Hollywood até receber o Óscar por A Lista de Schindler em 1993 e depois pelo Resgate do Soldado Ryan em 1998 enquanto Woody Allen não recebeu mais nenhum Óscar como realizador. Actualmente, qualquer dos dois parece ter uma relação descontraída com aquele género de prémios. O que não se deve fazer é ter a atitude de Cristiano Ronaldo que, mesmo que os desdenhe pública e ostensivamente, parece dar todas as mostras de os querer comprar.

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