29 novembro 2013

A RESSACA DO 25 de NOVEMBRO de 1975

Vale a pena recordar através de documentos da época como é que os comunistas procuraram descalçar a bota, dissociando-se dos acontecimentos do 25 de Novembro de 1975, apesar da esmagadora maioria da opinião pública de então os considerar os grandes derrotados na ocasião. Na edição de 5 de Dezembro de O Jornal (acima, clicar para ampliar). Álvaro Cunhal descrevia os acontecimentos como uma luta por lugares de chefia nos sectores militares e os cartazes mandados imprimir para um comício do partido a ter lugar em 7 de Dezembro (abaixo), apontavam para o extremo oposto do espectro político, apelavam à unidade, uma imensa unidade, no propósito de não deixar passar o fascismo. Contudo, hoje, a esmagadora maioria dos veteranos comunistas já não se lembram destes requintes de dissimulação e tornaram-se óbvios no significado que dão às datas, confrontando um 25 de Abril que nos é apresentado por eles repleto de pureza em contraste com um 25 de Novembro hediondo. É engraçado como, nessa classificação primária se esquece, que no caso reverencial da Rússia, onde também houve duas Revoluções, a data que os comunistas de todo o Mundo sempre relevaram foi a segunda, a de Outubro, quando os seus camaradas russos alcançaram o poder e nunca a inicial, a de Fevereiro que assinalava o derrube do czarismo. É apenas mais um dos insondáveis mistérios da dialéctica marxista-leninista que cá em Portugal aconteça precisamente o contrário.

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