13 agosto 2013

UM GENERAL TAMBÉM SE MOLHA

O dia 8 de Maio de 1958 amanheceu nublado em Argel e o general Raoul Salan (1899-1984), o Comandante-Chefe das Forças Armadas francesas na Argélia, devidamente fardado de gala (acima), tem que presidir às cerimónias comemorativas do fim da Segunda Guerra Mundial sob um céu que não parece colaborar. Mas, mais do que as marcas dos pingos da chuva, que até dão um certo aspecto de camuflado de operacional (tenue léopard, como se dizia em francês) à sua farda de gala, Raoul Salan vai arriscar-se dali por cinco dias a encabeçar o Golpe de Estado de 13 de Maio de 1958 em Argel, que será o detonador de uma crise política em França que só se resolverá com a acessão ao poder do general Charles de Gaulle (1890-1970) a 1 de Junho.
 
Terá sido um risco contraproducente quando se conhecem os desenvolvimentos: alcandorado a Presidente da República e temendo que se repetisse o processo que por uma vez o beneficiara, de Gaulle acabará por transferir Salan para um cargo honorífico dali por sete meses embora isso não demovesse este último a prosseguir as suas acções em prol da manutenção da presença francesa na Argélia. Passando à clandestinidade e tornando-se chefe da organização terrorista OAS, Raoul Salan veio a ser preso em 1962 e condenado a prisão perpétua por um Tribunal Militar, apesar do desacordo de de Gaulle, que preferiria vê-lo fuzilado... mas que acabou por o agraciar em Junho de 1968, no seguimento dos acontecimentos de Maio daquele ano.

3 comentários:

  1. Acho que também em França - ou na então Argélia Francesa... - vigoraria a máxima de que "Chuva de civil não molha militar"...

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  2. Sim, militar que se preze.
    Fora da tribuna, a não destoar dos seus soldados.

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  3. A gente até se esquece dessas histórias, tão "latino-americanas"

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