17 abril 2013

A QUEDA DE PHNOM PENH

Há precisamente 38 anos, o regime do general Lon Nol desagregava-se perante uma ofensiva militar concertada com os aliados norte-vietnamitas e a capital do Camboja caía às mãos dos Khmers Vermelhos, o nome de guerra do braço militar do Partido Comunista Cambojano. Estas são algumas das fotografias desse dia que então não se adivinhava vir a tornar-se tão histórico.
São as fotografias da chegada dos primeiros guerrilheiros, de extracção camponesa e de sorriso acanhado, intimidados com a sofisticação urbana¹.
Houve as celebrações costumeiras destes momentos, quase compulsórias mas vazias de conteúdo, como se se tratasse das festividades de um carnaval.
Houve alguns khmers – reconhecíveis normalmente pelos uniformes escuros e pelos lenços ao pescoço – que se deixaram enredar por este ambiente festivo.
Houve até quem quisesse jogar ainda as suas últimas cartadas políticas, associando-se à vitória, como os membros armados do Mouvement National (de que se vê uma bandeira no jipe da direita).
Mas, no geral e apesar da alegria, os guerrilheiros mantiveram-se sóbrios e concentrados na sua missão. Que começava pela recolha do armamento dos vencidos.
Nesta fotografia acima, por exemplo, só a população civil (do lado esquerdo) parece celebrar, os khmers mantêm-se incomodativa e preocupantemente distantes.
E nesta outra fotografia, vê-se uma bandeira do Mouvement National no meio dos despojos capturados, o que significa que o expediente mencionado mais acima fracassara.
Começou a notar-se a impaciência e a irascibilidade dos graduados khmers que começavam a mandar todas as pessoas emalar as suas coisas e partir para o campo…
Centenas de milhares foram assim forçadas ao êxodo, dando origem a uma nova classe social no novo país, o Kampuchea Democrático: o povo novo.
Nesse dia 17 de Abril foram executados apenas os primeiros milhares daquilo que foi o início de um genocídio de milhões. Hoje, uma atracção turística do Camboja são as pilhas de caveiras…
¹ Quem por esta mesma altura estava em Moçambique é capaz de comparar estas expressões com as dos membros da Frelimo quando recém-chegados à cidade.
 
A 1ª, 2ª, 5ª, 6ª e 7ª fotografias são do fotojornalista Roland Neveu. Não consegui identificar os autores das restantes.

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