15 fevereiro 2013

EMIRADOS DO GOLFO PÉRSICO – OS MILAGRES DA DESSALINIZAÇÃO

Quando Christian Godard (1932-    ), o desenhador de Martin Milan, concebeu originalmente a aventura O Emir dos Sete Beduínos, na qual o seu herói visitava um imaginário (e riquíssimo) emirado de Kahk-Haweit, estava-se em 1971 e alguns dos emirados que lhe poderiam ter…
…servido de inspiração (como o Abu Dhabi, o Bahrein, o Dubai, ou o Qatar), tinham acabado de se tornar independentes. A riqueza em Kahk-Haweit é excessiva, e Godard não se poupa a ironias para a realçar, a começar pelo Mercedes do varredor de ruas até à sobrelotação dos bancos…
O problema de tal paraíso seria a falta de água. A água que é rara, obtida industrialmente e que não presta. A associação dessa falta de água com a riqueza torna-se pretexto para mais algumas piadas com os chafarizes de Kahk-Haweit a dispensarem champanhe Moët & Chandon de 1952, a rega…
…agrícola a ser feita usando sumo de ananás e com os motores a serem refrigerados com vinho novo Beaujolais… Mas o humor da história aflorava um dos grandes problemas de sempre naquela região do Mundo: a falta de água potável, que fizera que a região fosse escassamente habitada.
Contudo, com as grandes (e eficazes...) unidades de dessalinização construídas com a prosperidade do petróleo ultrapassou-se finalmente o problema. Nos últimos 40 anos, a população do Bahrein multiplicou-se por 6 vezes, a do Qatar por 16 vezes, a do Abu Dhabi e do Dubai por 30!
Agora, não havendo falta de água, que esta tem qualidade e não sendo preciso sequer que sejam os varredores locais a varrer as ruas, o novo problema político é que os privilegiados de ascendência local já se tornaram numa pequena minoria estimada em apenas 20% da população residente…

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