30 setembro 2012

O IMPERADOR VASCO

Nesta história acima de Lucky Luke, Dean Smith era um rancheiro rico de uma cidade do velho Oeste que tinha pancada. Julgava-se o Imperador dos Estados Unidos e a esse título mandava proclamações para o jornal local, que as publicava em local de destaque para aumentar as suas tiragens. O Público faz o mesmo às proclamações do imperador Vasco. O que não será análogo é que, ao contrário dos habitantes de Grass Town, não tenho a certeza que todos os leitores do jornal se consigam aperceber que o Vasco, dito Pulido Valente, também tem pancada. Este fim-de-semana, a propósito da extinção das fundações, foi-se meter com aquela que será provavelmente a única fundação a sério que existe em Portugal: a Gulbenkian.
Num primeiro dia (Sexta-Feira, 28 de Setembro), Vasco questiona-se retoricamente: Mas quem me explica a mim por que misteriosa razão a Gulbenkian (que é uma das fundações mais ricas da Europa) recebeu do Estado, entre 2008 e 2010, 13 483 milhões de euros¹? E quem me dá uma justificação aceitável do facto inaceitável de a Gulbenkian continuar a ser uma "fundação pública de direito privado", em vez de ser, numa sociedade democrática, simplesmente uma fundação de direito privado (…)? Pelos vistos explicaram-lhe, que no dia seguinte ele corrige-se: Fonte fidedigna garante que a Gulbenkian é uma fundação privada. E no outro dia torna a corrigir-se: Afinal, a Gulbenkian não recebeu qualquer apoio do Estado entre 2008 e 2010.
Esta analogia do imperador Vasco com o imperador Smith não é originalmente minha. Foi-me argumentada por alguém noutro momento em que eu me indignava com esta repetida atitude ligeira do cronista às suas argoladas: - Olha?! Os dados usados para sustentar a opinião afinal estavam todos errados… Como me fizeram concluir, o Vasco  no seu estado normal, é inimputável (outro...). Das suas crónicas, assim como das pretensões de Smith, não virá mal nenhum ao mundo. No fim da aventura, Lucky Luke parece disposto a perdoar a todos, ao louco e aos outros que o seguiam acriticamente e a única condenação vai para o lúcido outlaw: – Ouve, cow-boy, eu não tenho pancada! – Pois! Por isso é que vais para os trabalhos forçados!
Depois de Fernando Nogueira, suspeito que não haja outro lúcido outlaw que se queira servir do Vasco para alguma coisa… Dos seus seguidores acríticos não se sente porém a falta.

¹ Comprovando que não se tem a mínima noção da grandeza do montante que se escreveu, diga-se, para comparação, que ele é superior ao PIB de Moçambique…

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.