02 julho 2012

A PATRONA SOCIALISTA DA ARTE E CULTURA BÚLGARA

 Marx nunca se terá alargada muito em considerações precisas sobre aquilo que deveria ser a arte e a cultura proletárias após o estabelecimento da ditadura. Os revolucionários fizeram o que puderam depois da gloriosa revolução de Outubro mas, de entre todos os estados socialistas, o socialismo internacional e búlgaro tem uma enorme dívida de gratidão não reconhecida para com Ludmila Jivkova (1942-1981).
 Ludmila Jivkova foi um fenómeno precoce na política búlgara. Comunista desde muito nova, em 1973, com apenas 30 anos, já se tornara a vice-presidente da Comissão do partido (Partido Comunista Búlgaro) para a arte e cultura. Em 1975, escassos dois anos depois, viria a assumir a sua presidência com um acréscimo de responsabilidades, que se estenderam também às áreas da televisão, rádio e imprensa.
Com a responsabilidade pela supervisão por toda a arte, cultura e comunicação social da Bulgária, com funções que eram em tudo menos no nome as de um super-ministro (de fazer inveja a Miguel Relvas…), Ludmila Jivkova seria então o orgulho de qualquer pai, especialmente se ele fosse (como de facto acontecia…) o secretário-geral do mesmo partido, o todo poderoso Todor Jivkov (1911-1998)... 
 É verdade: o socialismo científico produz destas coincidências cientificas… Quanto à actuação desta verdadeira patrona socialista durante a escassa meia dúzia de anos em que ela exerceu o poder pode sintetizar-se numa palavra: controversa. Ludmila Jivkova tinha ideias firmes e uma enorme capacidade de as executar, mas de entre elas, podia contar-se a devoção por uma santinha da ladeira local
 As circunstâncias associadas à sua morte indiscutivelmente prematura, a 5 dias de completar 39 anos – são tão controversas quanto a sua carreira. Seguiu-se um daqueles períodos de luto ao jeito socialista em que o nome e a efígie da defunta apareceram em todo o lado (acima), mas uma caricatura sua e da sua actividade, só mesmo depois do fim do usufruto das mais amplas liberdades democráticas (1991).   
Agora a sério: alguém imagina algo de remotamente semelhante a acontecer sob o Estado Novo com, por exemplo, Ana Maria, a filha de Marcelo Caetano?... E alguém a tentar desculpar, ainda hoje, tal conduta?...

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