05 julho 2012

DOUTORES E ENGENHEIROS

John Major (1943- ) foi o primeiro-ministro do Reino Unido durante seis anos e meio (de Novembro de 1990 a Maio de 1997). E, orgulhosamente assumida, não tinha qualquer qualificação académica superior. Mas isso, comprova-se hoje pacificamente, não parece ter sido obstáculo para a sua carreira política. Se os políticos portugueses se preocupam tanto em exibir graus académicos, a ponto de se exporem à revelação deles terem sido obtidos em condições mais do que duvidosas, como se descobriu agora ter acontecido com Miguel Relvas e como também já se havia descoberto antes no caso de José Sócrates (abaixo), isso dever-se-á muito mais às preocupações sociais dos intervenientes do que às suas reais capacidades de intervenção política.
O padrão parece estar tão disseminado que nos leva a suspeitas porventura injustas: quando, por exemplo, António José Seguro se excusa a comentar o episódio da qualificação académica de Relvas, não se consegue deixar de especular se essa atitude, mais do que ética, não será sobretudo defensiva, considerada a coincidência da sua licenciatura ser na mesma área da do visado (Relações Internacionais) e também obtida numa das universidades privadas de muito fraca reputação (Autónoma - a de Relvas foi a Lusófona e a de Sócrates a Independente). Mas o que será mais irónico de tudo é que, no outro extremo do espectro, há quem tenha uma sólida e inquestionável qualificação académica sem que isso seja um sinónimo de seriedade e confiança, lembremos o popularíssimo Professor Doutor Marcelo...

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