03 junho 2012

«GOURMANDISE» DE COMBATE

 Figura 1
É da natureza dos generais que nenhum exército tenha alguma vez ganho uma batalha ou uma guerra por ter sido bem alimentado mas que já tenha havido muitos que tenham sido derrotados por causa da desmoralização causada pela alimentação deficiente. Uma introdução destas poderia ser o começo de uma extensa dissertação sobre a alimentação dos combatentes em campanha… mas isto é um blogue: fiquemo-nos só pelo menu à disposição dos soldados americanos na Europa durante a Segunda Guerra Mundial.
 Figura 2
Com a sua capacidade de sistematização, a logística norte-americana havia atribuído uma classificação alfabética às rações alimentares a distribuir às suas tropas. Havia as Rações A, que se forneciam às tropas acantonadas ou aquarteladas e que incluíam perecíveis como legumes e fruta, não se distinguindo de uma lista de encomendas numa cantina actual. Seguiam-se as Rações B, que eram equivalentes às anteriores mas já sem os produtos perecíveis, devido à imprevisibilidade da sua distribuição às tropas.
 Figura 3
Só se podiam distribuir quando havia possibilidades que as cozinhas de apoio pudessem alcançar com segurança as unidades de combate – o que até costumava acontecer na maioria das vezes: 70% do consumo alimentar durante a Normandia foi de Rações B. Estas eram constituídas por cereais, leite, açúcar, bacon, biscoitos, doce e café solúvel para a primeira refeição (pequeno-almoço); e uma refeição pré-preparada com carne guisada com feijão branco e sobremesa de ameixas em calda para a segunda.
 Figura 4
Mas as rações mais conhecidas e mais recordadas pelos veteranos eram aquelas que lhes eram distribuídas em antecipação, associadas a situações militares mais delicadas em que não era possível assegurar a distribuição normal. Havia a Ração C (Fig.1), seis latas de conserva pesando uns 2,5 kg., com três refeições reaquecíveis: uma combinação de uma lata de carne com legumes mais outra com doces, bolos, café solúvel, pó alimonado, chocolate e 50 cigarros (Fig.2). Porque pouco práticas, não eram populares.
 Figura 5
A popularidade ia toda para a Ração K. Apresentava-se numa caixa de cartão rectangular e conseguia produzir a ilusão da variedade com uma versão de pequeno-almoço (Fig.3), outra de jantar (Fig.4) e ainda uma de ceia (Fig.5). Tirando os ovos e o presunto da primeira e o queijo das outras duas elas pouco se distinguiam. Mas todas elas não davam trabalho a preparar e traziam, além de cinco cigarros, açúcar em pó e biscoitos além das famosas pastilhas elásticas cujo mastigar se tornou emblemático dos G.I. da época.
 Figura 6
Para os momentos ainda mais difíceis, para recuperar rapidamente, havia ainda a Ração D (Fig.6) que era um chocolate vitaminado hiper-calórico, que se veio a tornar particularmente popular entre os civis que, ao comer um e considerando os racionamentos, ingeriam mais calorias num momento do que em quase toda a semana anterior… Em suma, e como se pode perceber analisando o quadro abaixo, os soldados norte-americanos eram qualitativa e quantitativamente muito mais bem alimentados do que os seus adversários e aliados.

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