29 maio 2012

OS «AMNISTIADOS»

Se recentemente havia aqui questionado o bom senso das considerações da Amnistia Internacional sobre a legalidade da operação que conduziu ao assassinato de Ossama Bin Laden, gostaria de voltar a um assunto associado a esse, sobre o qual a Amnistia ainda não se pronunciou mas onde, se calhar, já o devia ter feito…
Há cerca de uma semana foi notícia a condenação a 30 anos de prisão de um médico paquistanês chamado Shakil Afridi por ele ter ajudado à certificação da identidade de Bin Laden antes da operação que o liquidou. O facto do tribunal ter considerado o réu como um traidor explicará a dureza da pena. Segundo se pode ler na imprensa local em língua inglesa, o irmão do réu, que é advogado, queixa-se de não o ter podido acompanhar durante o julgamento, de ainda não ter tido acesso ao teor da sentença para poder começar a fundamentar sequer um recurso, de nem sequer ter podido estar ou comunicar com o réu. Apesar de ter sido amplamente noticiado local (acima) e internacionalmente, até hoje, nem no site da secção paquistanesa da Amnistia Internacional, nem no central da organização sediada em Londres (muito entretido com a Síria, com a Rússia e com o… Canadá) aparece qualquer referência àquele episódio. Ora não vale a pena iludir a questão, que na Amnistia também se conhecerá o poder da manipulação do mediatismo e sabe-se quanto o silêncio da organização a respeito de um prisioneiro tão simbólico quanto este se torna eloquente...– assim, até parece que há prisioneiros que estão mais aprisionados que os outros…
Há organizações que só se respeitam se se ativerem ao campo estrito dos princípios. Só assim se lhe aceitam patacoadas como a tal da legalidade da execução de Bin Laden. Agora, se a exigência for rigorosa, omissões tão óbvias e tão politicamente orientadas como esta podem retirar significativamente o prestígio que a Amnistia Internacional tenha adquirido…

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