06 setembro 2011

FAST FOOD E LIGHT THINKING

A notícia de base é a proposta do bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, para que haja uma taxa especial que incidisse sobre aqueles alimentos que se costumam designar como fast food. É uma alteração de atitude de saudar, esta de ouvir propostas alternativas dos intervenientes mediáticos, nem que seja para que descubramos onde se alicerçam as opiniões que já lhes ouvimos a propósitos dos temas em que eles costumam intervir na grande batalha comunicacional em que se transformou esta nossa sociedade.
Não sendo fast, a fundamentação e o detalhe da proposta apresentada pelo bastonário é light. Se o bastonário não faz a mínima ideia de qual o volume de receitas fiscais que o seu imposto iria gerar porque escolheu ele a percentagem de 10% para aplicar ao lixo alimentar e não outra? Porque 10 é um número redondinho? Por outro lado, é essa mesma ignorância que torna caricata a sua outra pretensão, a de que este seu imposto servisse para financiar parcialmente o SNS. Exactamente em que proporção? 0,5%? 5%? Ou não faz ideia?
Será que o bastonário tem alguma noção do impacto e das consequências daquilo que propôs? Por exemplo, como os produtores irão reagir, alterando a composição dos produtos para que sejam excluídos do imposto adicional? Ou ele não se distingue do Sr. Guedes, um habitué do meu café da esquina, um grande conversador e opinador militante? Num contraste condescendente, do ministério disse-se que não se comentava a proposta e que qualquer imposto seria da alçada do Ministério das Finanças e/ou da Assembleia da República, não do ministro...

6 comentários:

  1. Por acaso, sou de opinião oposta: deixem-nos falar!

    Só assim a classe dos médicos deixa de ter desculpa por não se ter apercebido quem elegeu e a classe dos jornalistas deixa de ter desculpas por não ter transmitido devidamente todas as qualidades do bastonário da Ordem dos Médicos...

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  2. Concordaria consigo se de fato eles aprendessem.
    Acontece que, pelos comentários que os media têm divulgado, não me parece que issso venha a acontecer.
    O BE veio a correr emitir um comunicado, a DECO também (mesmo assim o mais equilibrado) e nos telejornais os jornalistas, de microfone em riste, perseguiram o "povo" para obter doutas opinões sobre o assunto.
    Na sondagem rápida online do DN o sim ao imposto ganhou por larga margem.
    Ou seja, o bastonário, emitiu uma opinião que, alguém com um mínimo de bom senso, descarta de imediato e, no momento seguinte, ganha protagonismo, ou ainda, não importa que falem mal, importa é que falem.

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  3. Agora sou eu que concordaria consigo se a aprendizagem fosse relevante para tudo isto.

    Consultando a opinião pública obtêm-se resultados interessantes:

    a) 12% de uma amostra de inquiridos considera que é o Sol que gira à volta da Terra, o que é irrelevante em termos astronómicos

    b) 32.400 eleitores do concelho de Oeiras onde resido consideraram que Isaltino Morais era a melhor solução para o dirigir, o que não invalida que a pessoa em causa seja judicialmente um escroque.

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  4. Acha estranho que um bastonário da ordem dos médicos sugira aos políticos que se criem impostos sobre alimentos prejudiciais à saúde em benefício do serviço nacional de saúde? Ou o que o chocou foram apenas as contas que fez o bastonário? O que é que as contas dele interessam? Ele é economista? Os economistas que desenvolvam a ideia! E você? Parece que percebe mais do que ele. No entanto preferiu e obrigar-me a ler os números dele, que considera ridículos, e reservar os seus, certamente mais sensatos, para si.
    Depois, para que todos percebam o ridículo, dá como (único) exemplo os produtores que "irão reagir, alterando a composição dos produtos para que sejam excluídos do imposto adicional". ??
    Os produtores revoltam-se e desatam a fabricar fast food saudável? Isso não é bom?
    Felizmente qualquer pessoa com um mínimo de bom senso não precisa de nenhuma percentagem para perceber que atacar o que faz mal à saúde só pode beneficiar a nossa saúde (e por consequência o SNS). A DECO (no tal comunicado equilibrado) acha que aumentar o preço dos alimentos prejudicais à saúde não ia ter consequências para a nossa saúde, e então sugere que se baixe o preço dos alimentos saudáveis. Muito equilibrado. Gostaria de saber o que pensa desta sugestão, em termos de percentagens. Felizmente também qualquer um com bom senso não precisará de esperar pelas contas para perceber que a única coisa equilibrada é baixar os impostos dos prejudiciais e aumentar o dos benéficos.
    O comunicado equilibrado da DECO também afirma que o que é preciso é informar, como se informar e aumentar impostos fossem duas coisas incompatíveis. Pois eu aposto que há menos gente a pensar que fruta e legumes fazem pior que um mac menu do que os que pensam que o sol gira à volta da terra.
    Se eu fosse o parvalhão do bastonário cuja única proposta decente que teve foi a que tanto aqui se desdenha, pensaria que você só pode ser da indústria agro-alimentar.

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  5. Convém informar quem tiver lido o denso comentário que precede este que o mesmo foi escrito por volta das 6 da manhã de um Sábado e que o seu autor, que adoptou o «nick» de "jgomes", se registou expressamente para o publicar. Dito de outra forma: ou nunca nada do que ele lera antes na blogosfera lhe despertara a vontade de escrever como este meu poste fez (…e se ele tem vontade de escrever!) ou então preferiu esconder as suas opiniões firmes por detrás de um pseudónimo.

    Em suma: ou o senhor tem «pancada» ou o comentário não passa de uma brincadeira a que não vale a pena responder. Provera que eu pudesse dizer também que o bastonário era um brincalhão...

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