10 abril 2011

AINDA SOBRE CONGRESSOS…


Há Congressos sem história mas memoráveis. Para o demonstrar num poste anterior fui buscar uma ligação ao caso da vaia monumental recebida por Luís Filipe Menezes no XVII Congresso do PSD de Fevereiro de 1995 no Coliseu de Lisboa. Mas vale a pena recordar com uma outra atenção as imagens (da TVI) daquele evento e é por isso que as insiro para serem aqui apreciadas directamente.

Somos transportados directamente para a fase épica do discurso de Luís Filipe Menezes (0:20) e para a sua referência aos inconvenientes da vitória de um eixo sulista, elitista e liberal que tem pouco a ver com o verdadeiro Partido Social-Democrata, passagem essa que se nota ser vigorosamente aplaudida (de pé) por alguns dos membros secundários da Mesa, que se vêm atrás do orador.

Com o som das vaias em crescendo a sobreporem-se aos aplausos, o realizador da TVI dá mostras do seu analfabetismo político, apontando as câmaras para o sorriso irónico de José Pacheco Pereira, que é decerto um expoente do elitismo do PSD mas por acaso originário do Porto e que, à época, ainda não era conhecido pelos seus flirts com o liberalismo, mas um social-democrata da mais pura cepa

Depois, a plateia entrou em turbilhão. Luís Filipe Menezes bem repetia Meus Caros Companheiros mas, como decerto constataria o Zé Maria do Big Brother (passe o anacronismo histórico da invocação...), não havia condições… A sua claque de apoio na Mesa do Congresso ainda se levantou e tentou formar um coral clamando PSD! PSD! a ver se os apelos inflamados à unidade abafavam as hostes hostis mas o efeito foi nulo…

Em retrospectiva ponderada, a sofisticação do expediente é significativa da conta em que aquela claque da Mesa tinha os vulgares delegados da plateia... Ao fundo das imagens, entre vários membros da Mesa a levantarem-se e pedirem calma à plateia, nota-se até José Pacheco Pereira a fazê-lo com um sorriso indefinível – afinal Luís Filipe Menezes estava derrotado, não era preciso humilhá-lo mais…

Mas o mais empreendedor é António Pinto Leite, esse sim um genuíno sulista, elitista e liberal que se junta a Menezes e, certamente por solidariedade social-democrática, vêm a compartilhar com este último a figura mais ridícula do incidente. Depois de tentar exercer por três vezes uma autoridade que ninguém lhe reconhecia (Companheiros!) mete o rabo entre as pernas e volta para o seu lugar…

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