05 março 2011

UM CEMITÉRIO DA GUERRA-FRIA

Durante décadas, as dezenas de milhares de blindados soviéticos serviram de adereços de uma coreografia que se percebeu depois ter sido simultaneamente conveniente para os dois lados em conflito na Guerra-Fria. A Leste mostravam a capacidade do regime se defender a si e à Pátria para além de servirem de promotores daquele género de Paz que apaziguava os elementos reaccionários das sociedades socialistas irmãs – em Berlim (1953), em Budapeste (1956) ou em Praga (1968).
A Ocidente, essas mesmas dezenas de milhares de blindados eram pretexto para o uso de mapas de Teatros de Operações Continentais (acima TVD - ТВД - Teatr Voennykh Deistvii) onde se antecipavam maciças invasões soviéticas bem como as potenciais reacções a esses cenários (abaixo) que justificaram, não apenas décadas de uma presença militar norte-americana muito significativa em solo europeu, como também investimentos de muitos milhares de milhões em equipamento militar.
O grande embate em terras alemãs entre as unidades da NATO e do Pacto de Varsóvia tornou-se, muito provavelmente, na mais estudada das batalhas virtuais que não chegou a existir. É possível que, tivesse ela existido, todos esses estudos não tivessem servido para grande coisa. Afinal, ainda hoje se estudam e parece não haver consenso quanto às razões principais que fizeram com que terminasse abruptamente o clima que motivaria aquele épico choque entre blindados e armas anti-tanque
Um pouco mais de 20 anos passados sobre o fim da Guerra-Fria, vale a pena mostrar algumas fotografias de um cemitério de máquinas de Kiev onde se acumulam (literalmente) várias centenas dessas temíveis máquinas de outrora: T-54/55, T-62, T-64, T-72. À vista, só naquele ferro-velho ucraniano parece juntar-se um número de carros de combate (MBT) mais do que suficiente para equipar toda uma divisão blindada, algo que sempre esteve para além das nossas capacidades em Portugal…

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