18 dezembro 2010

OS «PEÕES» DA REPRESSÃO E TERROR

Continuando a procurar evitar que se Apague a Memória!, recordo aqui esta fotografia da altura do 25 de Abril, um agente da PIDE de mãos na nuca e em cuecas onde, especificava a notícia que a acompanhava, escondera uma arma, descoberta depois de submetido à revista corporal.
Mas essa Memória também deve servir para evocar outras fotografias que foram obtidas em circunstâncias semelhantes à anterior, como esta sequência que se segue, tirada em Outubro de 1956, por ocasião da Revolta que eclodiu em Budapeste contra a interferência soviética.
Os prisioneiros que ali se vêem de mãos erguidas são guardas da AVH (Államvédelmi Hatóság - a polícia política do regime socialista húngaro), capturados durante os combates iniciais que colocaram a cidade sob controlo dos simpatizantes das reformas de Imre Nagy.
O encadeamento das fotografias e a evolução das expressões conta uma história tão cruel quanto irónica, pois as vítimas não passavam de peões ao serviço de um regime e de uma ideologia que sempre proclamou a necessidade circunstancial da existência de violências revolucionárias
Mas, como a História comprova repetidamente, as ditaduras irmanam-se mais pelas práticas do que pelas retóricas. Depois da Revolta ter sido esmagada pelos soviéticos, as fotografias foram usadas como prova no julgamento de Imre Nagy que se concluiu com a sua condenação à morte...
É perante exemplos destes, que se torna decoroso que aqueles que se pretendem passar pelos detentores da preservação da nossa Memória se congratulem e se moderem nos tons excessivamente avermelhados com que pretendem reviver certas fases do nosso passado...

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