02 dezembro 2010

O MORIBUNDO

Se Jacques Brel é autor de uma famosa canção intitulada expressamente Le Moribond (O Moribundo – já aqui falei dela), por razões que nunca soube Chico Buarque deu o título de Vida a uma composição sua onde a letra parece ser o balanço da vida feito precisamente por alguém prestes a morrer. Ilustrado pela fotografia de uma réplica de uma famosa escultura helenística do Século III a.C. conhecida por O Gaulês Moribundo, este poste corre o risco de parecer um pouco tétrico mas creio que vale a pena conhecer a canção:

Vida, minha vida
Olha o que é que eu fiz
Deixei a fatia
Mais doce da vida
Na mesa dos homens
De vida vazia
Mas, vida, ali
Quem sabe, eu fui feliz
Vida, minha vida
Olha o que é que eu fiz
Verti minha vida
Nos cantos, na pia
Na casa dos homens
De vida vadia
Mas, vida, ali
Quem sabe, eu fui feliz

Luz, quero luz,
Sei que além das cortinas
São palcos azuis
E infinitas cortinas
Com palcos atrás
Arranca, vida
Estufa, veia
E pulsa, pulsa, pulsa,
Pulsa, pulsa mais

Mais, quero mais
Nem que todos os barcos
Recolham ao cais
Que os faróis da costeira
Me lancem sinais
Arranca, vida
Estufa, vela
Me leva, leva longe
Longe, leva mais

Vida, minha vida
Olha o que é que eu fiz
Toquei na ferida
Nos nervos, nos fios
Nos olhos dos homens
De olhos sombrios
Mas, vida, ali
Eu sei que fui feliz

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