25 agosto 2010

RECORDANDO A BATALHA DE ALCÂNTARA (1580)

Foi há 430 anos, precisamente neste dia 25 de Agosto, que se travou a Batalha de Alcântara, opondo o Corpo Expedicionário de Filipe II, que era comandado pelo Duque de Alba, às forças que se haviam pronunciado a favor de António do Crato. A gravura acima é aquilo que mais próximo teremos de uma imagem de época dessa Batalha. Terá sido desenhada algum tempo depois, possivelmente para explicar como decorrera a acção a Filipe II, usando uma vista panorâmica a partir de Monsanto (clicar em cima da gravura para a ampliar), mostrando os principais locais da acção, desde a Torre de Belém, à direita, até ao Castelo de Palmela (!!!) a cinco léguas de distância, no canto superior esquerdo…
Sabe-se qual foi o desfecho da Batalha – a vitória decisiva das forças favoráveis à unidade ibérica – mas perderam-se muitos detalhes sobre as condições em que a Batalha foi travada. A começar pelo local. Depois do Século XVIII, com a construção do troço elevado do Aqueduto das Águas Livres, perdeu-se a perspectiva de paisagem que então existiria, e que acima se procura recuperar, numa fotografia datada de 1920. Note-se porém que, nos finais do Século XVI, as duas encostas não teriam habitações excepto no fundo do vale, mais fértil, onde haveria algumas junto à ribeira de Alcântara que então estaria quase seca – era Verão (abaixo). Crê-se que o dispositivo de defesa assentaria na ponte que a atravessava...
Sobre a qualidade das tropas combatentes, a superioridade era claramente das unidades profissionais do Corpo Expedicionário do Duque de Alba. Do outro lado, em Portugal nunca houvera muitos profissionais, vários deles haviam morrido em Alcácer Quibir dois anos antes e muitos dos que então sobreviveram não estavam agora com a causa de António do Crato. Sobre a quantidade das tropas combatentes (os efectivos) a nossa ignorância demonstra-se pelo facto das entradas da Wikipedia em português, castelhano e inglês sobre a Batalha de Alcântara se referirem efectivos totalmente díspares: terão sido 9.800 defensores contra 7.250 atacantes, 27.500 contra 19.800 ou 8.500 contra 14.800?...
Os números da versão inglesa (os últimos) são os únicos que referem a fonte e são os que mais se aproximam dos estimados por Carlos Selvagem em Portugal Militar (p. 345): 7.000 contra 16.000. Segundo este último, que se recusa a dar ao recontro a categoria de batalha – chama-lhe Acção da Ribeira de Alcântara – o ataque das tropas do Duque de Alba ao centro do dispositivo defensivo do inimigo iniciou-se às 7 da manhã de 25 de Agosto de 1580, levando as suas tropas a atacar viradas para Nascente, com o Sol nos olhos, uma daquelas decisões erradas que só se torna verosímil se atendermos à atitude desafiadora e sobranceira para com os inimigos que costuma ser tão típico dos dirigentes castelhanos…
Porém, a vitória final ter-se-á ficado a dever a uma manobra de envolvimento dos terços espanhóis pelo flanco esquerdo enquanto os que haviam desencadeado aquele ataque frontal inicial, depois de repelidos, se limitaram a fixar os defensores até eles se verem sob o perigo de cerco e começarem a debandar. Pelo que viria a fazer depois, António do Crato vir-se-ia a revelar uma espécie de Pedro Santana Lopes precoce, mostrando–se tão obcecado com os interesses da sua causa quanto obtuso aos danos que o seu país sofreria por causa disso. Teria sido, muito provavelmente, um mau rei. O nacionalismo veio depois a recuperar-lhe a imagem por ter tido razão antes de tempo… E hoje, como seria?...

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