03 junho 2010

CRÓNICA DE UM POVO MANSO

Mais do que o próprio Rosa Coutinho (1926-2010), tranquilamente falecido ontem na sua cama, vítima de um cancro aos 84 anos, o que eu gostaria de evocar neste poste foi tudo aquilo que ouvi milhares de retornados angolanos prometerem fazer-lhe por alturas do PREC. Abaixo, podemos ver uma fotografia desses tempos em que o então alcunhado Almirante vermelho era Alto-Comissário de Angola (Janeiro de 1975).
Porque, mais do que as promessas feitas a quente durante as disputas políticas e ideológicas, o que importa realmente são as idiossincrasias de um povo como o nosso. Povo esse onde, há 35 anos atrás, se contavam inúmeros milhares que o culpavam pessoalmente pelo que lhes acontecera, jurando vingança. Mais sábia, a capa de uma edição da Paródia com o triplo da idade parece dar já em 1905 uma resposta à seriedade dessas promessas…
Nessa capa, vê-se a silhueta de uma figura gorda de charuto, o Rei Carlos I, identificado pelas iniciais C. de B. (Carlos de Bragança). Segue-se uma quadra: Soberania apopléctica, Nutrição paradoxal, Rei de um povo manso, Criador de rezes bravas. No caso, Bordallo Pinheiro estava errado quando à mansidão do povo relativamente a C. de B. Mas estava profeticamente certo quanto à inocuidade das ameaças a Rosa Coutinho…

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