26 fevereiro 2010

UMA HISTÓRIA DE METROPOLITANOS

Consultando uma tabela de 1970 (colocada no fim), com a localização e com a extensão das linhas de Metropolitano então existentes, fica-se a saber que havia então pouco mais de uma trintena de cidades no mundo que as possuía. Actualmente, 40 anos passados, esse número terá quintuplicado (172), embora o prestígio de os possuir no seu sistema de transportes urbanos tenha feito com que algumas cidades classificassem como Metropolitanos sistemas de transporte colectivo que não passam de eléctricos rápidos (como abaixo).
Na origem, os verdadeiros Metropolitanos foram concebidos para serem muito mais do isso. Era fundamental que tivessem uma rede de circulação própria, quer ela fosse subterrânea (abaixo, uma fase da construção do Metro de Paris) ou então sobreelevada (mais abaixo, o Metro de Chicago) para que assim se aliviasse a circulação à superfície nos centros das grandes metrópoles que começaram a constituir-se durante o Século XIX. Porém, a ideia, para ter sido bem sucedida, teve entretanto que resolver alguns problemas práticos...
Uma solução foi a descoberta da tracção eléctrica (anos 1890), pois o fumo das máquinas a vapor, experimentado originalmente no Metro de Londres em 1863, tornava as viagens nos túneis incómodas. Outra foi a descoberta de novos métodos de engenharia de escavação e consolidação que permitiam construir estruturas em cimento nos terrenos instáveis e arenosos, mesmo sob o leito de rios. Com isso, a partir da última década do Século, criou-se uma disputa entre as grandes cidades, para ver quem tinha ou não teria rede de Metro.
É por causa dessa lógica de prestígio e concorrência que, entre as linhas mais antigas do Mundo, se contam as de Londres (1863) e Glasgow (1897), Paris (1900), Berlim (1902), Chicago (1892), Boston (1901), Nova Iorque (1904) e Filadélfia (1907), mas também Budapeste (1896) e Viena (1900), porque não nos podemos esquecer da sua condição de capitais-gémeas do Império Austro-Húngaro! Ao chegar-se aos primórdios da Primeira Guerra Mundial (1914), esse elenco mantinha-se, com poucos acrescentos: Buenos Aires, Hamburgo.
Entre os casos dos Metros construídos no período de entre guerras, em que continuavam a gozar do estatuto de realizações de prestígio (Japão, Espanha, Grécia), há que destacar o caso do de Moscovo (acima), em que essa intenção terá sido a mais acentuada de sempre. Não a repetindo, terminada a Segunda Guerra Mundial, houve novas redes de Metro que foram surgindo noutras cidades do mundo desenvolvido, incluindo Lisboa (abaixo, em 1959), e associando sempre esse aparecimento a um conceito de modernidade…
Na tabela de 1970, Lisboa aparecia então num honroso 26º lugar. Actualmente baixou para um bastante mais modesto 68º lugar. Neste 40 anos, metade dos nomes das 30 cidades com maiores redes de Metropolitano foram substituídos, e mais de metade das recém-chegadas à nova lista são cidades asiáticas: chinesas, sul-coreanas ou indianas. Sendo um reflexo do crescimento demográfico e da prosperidade económica não constitui surpresa que, também neste caso dos Metros, se assista a esta reclassificação em prol da Ásia…

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