30 janeiro 2010

POR “AMOR” A FREDERICO GUILHERME I

Já aqui tive oportunidade de falar a respeito de Frederico Guilherme I (1688-1740), Rei prussiano (1713-1740) e de uma pancada que ele tinha por homens altos para os recrutar para um regimento de elite do seu exército que era composto apenas por gigantes com mais de 1,80 metros. Só por este pormenor dá para perceber que estamos perante uma personagem castiça e que nada tinha dos olhos meigos que lhe deu quem o pintou no retrato acima. Muito pelo contrário, durante os 27 anos em que reinou em Berlim cedo os súbditos descobriram que o humor real era sujeito a variações bruscas, como o tempo...
Um exemplo, tirado do principio do seu reinado. Um dia, ao passear a pé por Potsdam e ao passar junto a um jogo da malha, o Rei emitiu um comentário aprovador e elogioso sobre o excelente exercício físico que aquele jogo constituía. O episódio tornou-se conhecido e, nos dias seguintes, o local foi-se enchendo de mais jogadores ansiosos de receberem o mesmo elogio real. Porém, da próxima vez em que Frederico Guilherme I por ali passou em passeio e nas mesmas circunstâncias, cerca de uma semana depois, a multidão de jogadores foi toda corrida à bengalada pelo Rei sob a acusação de serem todos uns inúteis!...
É evidente que episódios como o descrito não serviram para aproximar o monarca dos seus súbditos… Quando o Rei se passeava a pé criava-se uma espécie de vácuo à sua volta. E quando ele se apercebeu disso ficou furioso: – Por que motivo foges tu de mim dessa maneira? – perguntou certa vez a um súbdito que se distraíra ou atrasara... – Porque tenho medo! – ouviu. – Não é preciso temer-me, é preciso amar-me! – concluiu Frederico Guilherme I enquanto rapava da agora famosa bengala e incitava o desgraçado a amá-lo com o mesmo estilo de motivação que o usado recentemente por Ricardo Sá Pinto

Frederico Guilherme I da Prússia e Ricardo Sá Pinto serão, cada um à sua maneira, dois excessos de entusiasmo no exercício do poder hierárquico, mas suponho que convirá ter presente a evidência que o receio pelas chefias hierárquicas é um fenómeno natural…

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