06 setembro 2009

SOBRE ROCK PORTUGUÊS ou AS BANDAS DE GARAGEM QUE DEVIAM TER FICADO NA GARAGEM

Já aqui tive oportunidade de me referir neste blogue aos tempos históricos do Rock português. Dos tempos em que a vontade dos GNR – e ainda não pela voz inconfundível de Rui Reininho – parecia ser a de ver Portugal na CEE (abaixo). Nesse aspecto já devem estar contentes… Ou dos tempos em que o vocalista da Go Graal Blues Band entraria certamente de uma forma mais discreta num restaurante algarvio… Mas foi a descoberta de uma preciosidade no You Tube que me levou a parafrasear Luís de Camões em Os Lusíadas:
Cessem do sábio lisboeta e do almadense
As composições grandes que fizeram;
Cale-se da
Cristina e do Chico Fininho
A fama dos êxitos que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Nazareno
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que a Musa conhecida canta,
Que outra desconhecida se alevanta.
A preciosidade que descobri foi um vídeo da época (acima) com a actuação de uma banda rock da Nazaré baptizada de Alarme e que foi a vencedora do primeiro Festival de Bandas Rock. O susto foi tal que não terá chegado a haver segundo Festival… O mais interessante foi o prémio ganho pelos Alarme, o direito a gravar um disco, um mono nas mãos do produtor, que não se cansava de passar spots promocionais na Rádio Comercial com aquele arrepiante verso inicial: Está na hora! Venham todos! Que coisa sensacional!...
Nunca soube se aquele tipo de promoção repetitiva tinha resolvido o problema dos stocks do produtor... Afinal, recordemos que aquela foi uma época de uma grande generosidade, onde tudo o que se relacionasse, ainda que remotamente, com o rock cantado em português acabava por se vender… Mas outra coisa seria a preservação da memória desses tempos, como já então Pedro Ayres de Magalhães e os Heróis do Mar prescientemente cantavam (acima): Dos fracos não reza a História, cantemos alta nossa vitória

4 comentários:

  1. A banda Nazarena é um alarme para os ouvidos!

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  2. Sétima Legião, gaitas de foles e um concerto com o castelo de Almorol em fundo. Radio Macau em Sintra em perfeita sintonia suburbano-depressiva. E, claro: XUTOS, XUTOS, XUTOS

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  3. Perdão, "Almourol" e não "Almorol". Escorregou-me o "U" da moirama para o porão do teclado.

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  4. Um Alarme de facto, Sofia, a alertar-nos onde poderão chegar os limites do disparate num período de histeria colectiva - neste caso benigna, como foi o caso do rock português.

    E, Artur, quanto às escolhas que fizeste, permite-me umas pequenas reflexões sobre os vocalistas das bandas, a começar pelo da Sétima Legião, a quem propunha uma de três soluções:
    a) Ou eles passavam a compor as melodias com notas onde ele "lá conseguisse chegar", como fazia, por exemplo, o Zeca Afonso;
    b) Ou passava a declamar as letras de forma mais ou menos melódica (Jorge Palma) ou completamente seca (Pedro Abrunhosa);
    c) Ou mudavam de vocalista.

    Neste último caso, era importante que, para além de uma boz voz, o eleito(a) não tivesse defeitos de pronúncia como a "çopinha de maça" da senhora dos Rádio Macau...

    Os Xutos é uma outra coisa: são um ícone, só têm que subir para o palco, nem têm de cantar, arriscam-se é a acabar como a Amália, a fazer figuras tristes em palco e a crítica a adulá-los...

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