13 abril 2009

OS VETERANOS

Numa resposta a um comentário num poste mais abaixo, a respeito da série A Guerra, adiantei uma estimativa minha sobre o número de veteranos do conflito que se travou entre 1961 e 1974 na Guiné, Angola e Moçambique. Na altura prometi explicar posteriormente que contas fizera para chegar a um número indicativo, rondando os 500.000, embora apenas referentes aos militares de origem metropolitana e insular – das ilhas adjacentes, como então eram designados os arquipélagos da Madeira e dos Açores.

A minha fonte primária de dados é o blogue dos Combatentes da Guerra do Ultramar, onde constam dados detalhados(*) sobre os efectivos militares presentes em cada um dos Teatros de Operações (Angola, Guiné e Moçambique) desde 1961, ainda por cima desdobrados pela sua origem: ou metropolitana (e insular) ou de recrutamento local. As contas que fiz referem-se exclusivamente aos primeiros. E os dados em que me baseei referem-se aos militares metropolitanos presentes em cada Teatro ao longo dos anos dos conflitos.
A acompanhar os dados, não se especifica nem a data em que se fizeram as contagens de efectivos (31 de Dezembro?), nem se ela terá permanecido a mesma de ano para ano mas, para simplicidade dos cálculos, iremos pressupor que sim. Tendo em conta que as comissões de serviço tinham, como referência, uma duração de 24 meses (2 anos), então, naqueles dados, cada veterano terá sido contado duas vezes. E é assim que se obtêm os números que apresentei: somando os efectivos militares de 1961 a 1974 e dividindo o total por dois.

Tratam-se de valores de referência, apesar de estarem analiticamente sustentados: 257.000 para Angola, 122.000 para a Guiné e 127.000 para Moçambique. Os valores não podem ser considerados rigorosos, porque existiram múltiplas excepções às regras que enunciei, a primeira das quais, que fará com que os resultados possam estar subestimados é o facto que a duração da maioria das comissões ter sido marginalmente inferior aos 24 meses, muito embora também houvesse casos (em menor número) que os ultrapassaram.
Em contrapartida, com um impacto superior ao anterior, mas agora sobrestimando o resultado que obtive, há o caso dos militares profissionais (oficiais e sargentos) que cumpriram (e são contados em) várias comissões, quando afinal se trata sempre do mesmo veterano… Num caso extremo que me é próximo, o do meu pai, por este critério ele é um tetraveterano pois foi contado por 4 vezes: em Moçambique (1961-64), na Guiné (1965-67), em Moçambique (1968-70) e final e novamente na Guiné (1971-73)...

Ora, juntamente com os dados que serviram para os cálculos dos contingentes presentes anualmente nos três Teatros de Operações, também existem os do número de recrutados para o Serviço Militar Obrigatório, ao longo do período de duração do conflito, número esse que varia entre os 60 a 70.000 incorporados anualmente (serão cerca de 800.000 no total). A partir desses números pode-se deduzir que a percentagem desses profissionais que terão feito mais do que uma comissão se situará entre 10 e 20% dos efectivos apurados.
Ponderando o impacto destes dois últimos factores que afectam o resultado final de forma antagónica, considero prudente deflacionar o número atingido nuns 10% e assim estimar os intervalos de variação que usei no comentário a que me referi acima: na minha estimativa final, 240 a 260.000 veteranos de Angola, 110 a 120 mil veteranos da Guiné e 115 a 125 mil veteranos de Moçambique, 450 a 500 mil no total. Claro que, actualmente, pela lei da natureza, muitos deles já terão infelizmente falecido…

(*) – Uma merecida nota de destaque para quem pesquisou e compilou toda aquela informação, o ex-Furriel José da Silva Marcelino Martins.

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