23 janeiro 2009

SOBRE AS TEORIAS DA DISSUASÃO

O último programa Sociedade das Nações da SIC contou com a presença do Chefe de Estado-Maior da Armada, o Almirante Melo Gomes. Falou-se do renascido problema da pirataria no mar e foi um programa interessante. Mas houve uma parte que quero para aqui destacar quando, por volta dos 17 minutos de programa (ele pode ser visto na sua totalidade aqui) e apesar de precavidamente ter-se considerado tendencioso, o Almirante Melo Gomes afirmou que a verdadeira arma dissuasória que possuímos em Portugal é a arma submarina. E a afirmação, apesar da presença de Nuno Rogeiro, não recebeu qualquer pedido de esclarecimento…

Lembrei-me de uma conversa da famosa série Yes, Prime-Minister entre o Primeiro-Ministro e um velhote de aspecto excêntrico e sotaque carregado (chamava-se Isaac Rosenblum...), que ocupava o cargo honorífico de seu Chefe dos Consultores Científicos, a respeito dos objectivos da guerra nuclear:
- Acredita na dissuasão nuclear, Sr. Primeiro-Ministro?
- Sim.
- Porquê?
- Porque… dissuade.
- Quem?
- Perdão?
- Quem? Quem é que dissuade?
- Os russos. De nos atacarem.
- Porquê?

(…)

Enfim, o diálogo continua. É muito engraçado e para quem o quiser continuar a seguir e saiba inglês, coloquei-o aqui. Mas o que me interessa agora é que, regressando à questão dos submarinos e à afirmação do Chefe de Estado-Maior da Armada, ao contrário do que acontecia com o Primeiro-Ministro James Hacker, eu não tenho qualquer resposta para a pergunta a quem é que os submarinos dissuadem…
Terá o Almirante Melo Gomes a amabilidade de nos indicar, para um horizonte temporal de 15 a 20 anos, uma lista dos potenciais inimigos de Portugal cuja conduta para connosco poderá ser condicionada pela existência do par de submarinos encomendados pelo Dr. Paulo Portas? É que, como muito bem fazia o Professor Isaac Rosenblum na sua avaliação, mais importante do que o instrumento de dissuasão, importa saber antes a quem ela se destina...

4 comentários:

  1. Um em Vilar Formoso e outro no Caia!
    Nenhum espanhol ousará pisar o risco (da fronteira!).
    Entre Vila Real de Sto. António e Ayamonte não se justifica: as lanchas dos contrabandistas de droga ainda o afundavam e era um prejuízo enorme.

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  2. O Chefe de Estado-Maior da Armada Almirante Melo Gomes r Nuno rogeiro entendem a importância geoestratégica que meios submarinos têm para uma nação com tamanha responsabilidades marítimas e comprimissos internacionais.

    Ao invés de se criticar os porventura poucos e tardios investimentos feitos na nossa Marinha, deveria sim haver uma mobilização para termos uma Marinha eficaz, moderna e respeitável, que qualquer estado com tradição além mar, e antiga potência marítima mundial que foi, deve possuir.

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  3. Oh meu caro DMSR, também já tive oportunidade de ler e ouvir outras opiniões tão ou ainda mais respeitáveis do que as que citou a pronunciarem-se a respeito da "inconveniência geoestratégica" de alocar um tal volume de recursos aos meios submarinos quanto há tantas carências de outros meios em todos os ramos das Forças Armadas e como esses são muito mais prioritários.

    Se houvesse disponibilidade para esses e para os submarinos que bom que seria! Mas como não há, teria sido preferível estabelecer prioridades e a opinião mais difundida é que os submarinos nunca foram as necessidades mais prioritárias e continuam a não o ser.

    Ao invés de proclamar parágrafos grandiloquentes de sonoridade mas vazios de conteúdo, o DMSR deveria assumir o repto que lancei ao CEMA e, defendendo de forma concreta a opção pela arma submarina, elaborar a "lista dos potenciais inimigos de Portugal cuja conduta para connosco poderá ser condicionada pela existência do par de submarinos encomendados pelo Dr. Paulo Portas", conforme escrevi no poste.

    Pela sua opinião acerca de qual será essa lista esta minha Caixa de Comentários está ansiosa. Por mais trivialidades sobre a herança histórica, desculpar-me-á, mas não.

    A propósito, DMSR, lendo o seu comentário (que quase começa pela expressão "importância geoestratégica") e fazendo uma visita ao seu blogue (que começa logo por um poste intitulado “parceria estratégica”) lembrei-me de um artigo do General Loureiro dos Santos (outra pessoa profundamente habilitada nestes assuntos e que não aprecia particularmente a oportunidade da aquisição dos submarinos…) que se intitulava “Não Utilizar a Palavra Estratégia em Vão”…

    Vá-se lá saber porquê...

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  4. Acabei de ler que existem 52 (cinquenta e dois!) almirantes para 40 (quarenta) navios, na nossa Armada.
    Parece que estamos, mesmo, armados em parvos ou, então, a "geoestratégia" é uma batata!!!

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