19 novembro 2008

A DIFÍCIL ARTE DE PRONUNCIAR NOMES INDIANOS

Por detrás da figura tutelar, mítica, mística e exótica do Mahatma Gandhi (acima, 1869-1948), o Congresso Nacional Indiano, a organização nacionalista que dirigiu a luta política que conduziu a Índia à independência em Agosto de 1947, foi um partido que sempre esteve fraccionado entre várias alas, quer ideológicas, quer regionais. Entre os elementos mais destacados do Congresso, fiéis e reverentes sobretudo à pessoa de Gandhi, contavam-se Jawaharlal Nehru (1889-1964), que, com a independência, se tornou no Primeiro-ministro indiano e Vallabhbhai Patel (1875-1950), que se tornou no Vice-Primeiro-Ministro.
Na fotografia acima podem ver-se os dois, rodeando Gandhi, com Nehru do lado esquerdo e Patel do direito, no degrau imediatamente abaixo. Além do nacionalismo e da fidelidade à pessoa de Gandhi, havia uma outra coisa que parecia unir os dois aos olhos – sobretudo aos ouvidos! – dos ocidentais: o facto de ambos possuírem um nome de família simples de nomear e fixar (Nehru, Patel) mas um nome próprio que era perfeitamente impronunciável sem treino prévio. O truque para o conseguir consistia em aprender a soletrar os seus nomes próprios gradualmente, por sílabas: Ja-va-har-lal Nehru e Va-la-be-bái Patel.
Aqueles que conseguissem aprender a pronunciar aqueles dois nomes sem perda de ritmo, como se se tratasse de um moderno jogo de computador, podiam passar para o grau de dificuldade seguinte, que consistia em tentar pronunciar o nome do terceiro homem forte do Congresso durante aqueles tempos (os anos entre 1947 e 1950), que era o Governador-Geral (acima): Chakravarthi Rajagopalachari (1878-1972)!… Todos estes episódios apenas reforçaram a impressão geral que os nomes indianos são difíceis de pronunciar, ainda para mais entre os anglófonos, que estão poucos habituados a dobrar a língua a idiomas estrangeiros.

Todas essas vicissitudes das habilidades para soletrar nomes indianos são parodiadas na série televisiva britânica Goodness Gracious Me (acima), onde a situação clássica se inverte, e é um britânico, de seu nome próprio Jonathan, recém-chegado a uma empresa onde a maioria dos colegas são indianos, que é submetido a uma praxe, onde os colegas lhe adulteram o nome de todas as maneiras imaginárias – por muito que ele o soletre! – até que o chefe, sábio, lhe faz sentir a conveniência que ele indianize o seu nome, para benefício das perspectivas futuras da sua carreira…

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