12 junho 2008

NO PAÍS DA ABELHA MAIA

Lá num país cheio de cor
Nasceu um dia uma abelha
Bem conhecida pela Amizade
Pela Alegria e pela Bondade


Há quem conheça o resto da letra e a quem isso não aconteça basta ouvi-la aqui. A fazer fé na linha editorial do blogue Câmara Corporativa, e na linha daquilo que há muito o seu autor principal (Miguel Abrantes) nos vem habituando, creio que o tal país cheio de cor existe mesmo, chama-se Portugal, embora lá não nasçam as abelhas amigas, alegres e bondosas da canção: essas virtudes parecem adquirir-se com a posse de um artefacto chamado cartão de militante do Partido Socialista…

Mas, convém que expliquemos esta história desde o início. É que, no seguimento de uma interessante troca de comentários a respeito de um poste onde ele censura José Pacheco Pereira por ter deixado cair parte do assunto do Caso do Casino Estoril, acabei convidado pelo Miguel Abrantes a escrever um poste sobre o assunto Eurominas que, se (ele) achar que tem sumo suficiente, fa(z) um link para o poste (ou reprodu-(lo) no CC). E, dada a honra do convite, aqui estou eu a agradecê-lo e a decliná-lo.

E vou decliná-lo por três razões. Em primeiro lugar, porque neste blogue só escrevo acerca de assuntos que conheço. E desde os meus primeiros comentários deixei claro que estou insuficientemente informado sobre o que se terá passado no caso Eurominas. O que não me deixou de incomodar foi o conteúdo das notícias (aqui sintetizadas numa reportagem do Público) e a celeridade com que a comissão parlamentar de inquérito, dominada pelos socialistas, a decidiu encerrar.

Ora saber isso não me qualifica para escrever sobre um assunto cujas informações que disponho se sintetizam em um ou dois links. Em segundo lugar, e há que dizê-lo com a frontalidade toda de um Baptista Bastos, não reconheço a Miguel Abrantes a imparcialidade suficiente para poder fazer de juiz a um poste meu. Em terceiro lugar, como já havia explicado ao Pedro Correia num (mais) amável convite semelhante, não sou grande apreciador dessas actuações em blogue alheio, modelo Special Guest Star.

Desde sempre que a tarefa a que Miguel Abrantes se tem proposto foi uma tarefa ingrata: defender os governos e os partidos governamentais. Revela-se muito mais imaginativo ser-se da oposição à oposição. Vale a pena recordar Karl Rove em 2004 e a proeza de como ele conseguiu transferir o embaraço do serviço militar que George W. Bush não prestara no Vietname para o embaraço à volta da legitimidade das condecorações que John Kerry recebera pelo que fizera no Vietname…

Mas, para que Miguel Abrantes na sua Câmara Corporativa seja tecnicamente bom como era a equipa de Rove, precisa de perder aquele maniqueísmo de história infantil, têm de fazer um elogio de quando em vez a alguém da oposição, ou então, que nos aponte nos seus postes, uma meia dúzia de militantes socialistas eminentes que, não seja por mostrarem falta de ortodoxia como é o caso de Manuel Alegre, tenham o seu lado perverso e não sejam bem conhecidos apenas pela Amizade, pela Alegria e pela Bondade…

2 comentários:

  1. Caro A. Teixeira

    Eu não me referi ao caso Casino Lisboa. Ao que eu me referi foi ao facto de Pacheco Pereira se ter utilizado do caso como arma de arremesso enquanto os Arnaults e & Morais Sarmentos estavam do outro lado da barricada nas lutas internas do PSD. Mas agora que o assunto voltou à baila, como os Arnaults e & Morais Sarmentos estão com a Ferreira Leite, cala-se bem caladinho…

    É só isto que pus em causa. Nem mais nem menos.

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  2. Caro Miguel Abrantes:

    Em termos de comentários, suponho estarmos de regresso à casa-partida.

    Para não citar exemplos que depois nos dispersem deixe-me falar apenas em abstracto:

    Tenho a opinião que o Miguel no seu blogue pratica uma selectividade tal nos temas que aborda, que as acusações da mesma prática que faça a terceiros acabam por perder qualquer valor.

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