02 março 2008

A SUBVERSÃO E A CONTRA SUBVERSÃO DO SÉCULO XXI (BRASIL)

Uma notícia saída hoje na página 22 do Público começa pelo seguinte parágrafo:

Um conjunto de escutas telefónicas divulgadas este mês comprova que a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), que actua sobretudo no estado de São Paulo, tenta substituir-se à polícia e à justiça e organiza tribunais paralelos. É frequente as punições resultarem na morte do prevaricador e é cada vez mais comum o recurso a este tipo de tribunais para resolver casos de furto, dívidas e até de adultério. As transcrições de algumas conversas atestam que os líderes do PCC, por norma a partir do interior de prisões, julgam, condenam e punem pessoas que desrespeitam as regras da organização ou cometem crimes. O PCC parece ser muito mais do que apenas uma organização criminosa, conforme a notícia refere. Ao pretender substituir-se às autoridades administrativas e judiciais da República Federativa do Brasil, o PCC parece assemelhar-se muito mais às organizações nacionalistas que lideraram as insurreições anti-coloniais dos anos 50, 60 e 70 do século passado, do que às organizações criminosas clandestinas clássicas. Não deixa de ser irónico que isso esteja a acontecer num país onde as chefias militares sempre recearam a subversão comunista, e agora estejam a perder a guerra da contra-subversão contra uma organização que embora pareça ter um projecto de poder, não parece que tenha qualquer projecto ideológico…

1 comentário:

  1. Digamos que há como que uma ética do delito comum.

    Já no tempo da ditadura militar, as respectivas chefias sempre se preocuparam mais com a chamada subversão política ou "comunista", como lhes era mais cómodo afirmar.

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