07 março 2008

LUC ORIENT

Considerando os leitores da minha geração da revista Tintin e o elenco dos seus heróis, julgo que consigo classificar Luc Orient como um daqueles heróis secundários que nunca foi dos mais populares, nem sendo dos pouco populares, mesmo assim fosse daqueles que gerava um carisma forte entre o pequeno núcleo dos seus apreciadores.
Contudo, eram histórias que se liam com agrado, preenchiam com competência o nicho das histórias de ficção científica da revista (como o Cavaleiro Ardent ou Tunga, preenchiam os seus, no das histórias medievais e pré-históricas, por exemplo), e faziam parte dos heróis que acabam por dar robustez a uma revista daquele género, mas talvez não muito mais.
O estilo e as cores características do desenhador (Eddy Paape), frios e pouco cuidados nos detalhes técnicos, também ajudavam a que se sentisse essa ausência de empatia com os leitores, a maioria deles adolescentes. Restavam as histórias, muito imaginativas, como costumavam ser as assinadas por Greg, o argumentista.
Existe um preâmbulo (composto pelos dois primeiros livros) com histórias na linha da expedição africana em busca da civilização perdida, e o ciclo seguinte (as três aventuras que se seguem) já apareceram publicadas em ritmo semanal na revista Tintin, com a acção a decorrer no planeta Terango, em estilo Flash Gordon, Salvador do Universo.
Foram também publicadas algumas das histórias do ciclo seguinte, heterogéneo quanto aos temas, mas sempre relacionados com ficção científica e sempre passados na Terra, e a revista acabou antes de concluir a publicação do último ciclo de quatro histórias, também associado a extraterrestres que viviam num ritmo temporal distinto do nosso (12 a 15).
Olhando retroactivamente com os olhos (e os óculos…) da maturidade, reconhece-se que, nem as personagens têm a densidade, nem os argumentos têm a profundidade das aventuras de Valérian da autoria de Mézières e Christin, que, no mesmo género de BD de ficção científica, serão os seus mais directos rivais. Mas cumpre.

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