22 agosto 2007

A OUTRA FACE DA MOEDA

Parece ser coisa que já se tornou canónica e clássica em Portugal que, quando há casos de denúncias de corrupção, o interesse se acabe por focar, quase exclusivamente, na figura daquele que foi corrompido. Depois da notícia da denúncia por parte do Tribunal Constitucional da descoberta do pagamento por parte da Somague de despesas do PSD em 2002, os holofotes da comunicação social concentraram-se no partido, esquecendo a construtora.
Ora isto parece a reedição da cobertura do caso do aeroporto de Macau, que envolveu o então governador Carlos Melancia (acima). Recordando que o corrompido foi ilibado e a empresa corruptora foi condenada em julgamentos separados, numa das demonstrações mais mediáticas como a justiça portuguesa é humana (escusava é de ter sido tão contraditoriamente humana…), alguém ainda se lembra do nome da empresa que pagou a Melancia?
Também agora parece haver uma vaga de concordância em como a Somague, e quem a dirige, Diogo Vaz Guedes (acima - ele até gosta de aparecer na televisão em eventos como o Compromisso Portugal...) não devem ser importunados a este respeito. O que me parece bizarro, além dum muito mau trabalho de jornalismo. Ou será que se considera que há um alargado consenso social que isto de oferecer-se para pagar as facturas de 230 mil euros de terceiros não tem nada de mais?...
Em tempo: Agora o que só faltava mesmo era José Luís Arnaut aparecer a assumir as responsabilidades na generalidade (responsabilidade objectiva) enquanto as descarta na especialidade (era prática (…) proceder à delegação em um ou mais secretários-gerais adjuntos de tarefas de natureza administrativa e financeira). Uma confissão à Bill Clinton que, quanto à marijuana, também a experimentou por uma vez ou duas, só que não inalava o fumo…

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