28 julho 2007

HEIL MUSSOLINI…

A série televisiva de origem britânica ´Allo ´Allo, que retratava em forma de comédia a vida numa aldeia francesa durante a ocupação alemã da Segunda Guerra Mundial, fez surgir, a partir do seu quinto ano de emissão (recorde-se que a ocupação alemã de França só durou quatro anos…), uma nova figura ridícula de um capitão italiano, com um chapéu de penas enormes*, que ripostava às saudações sempre enérgicas dos alemães – Heil Hitler! – com um descansado e tranquilizador: Heil Mussolini…
O capitão Alberto Bertorelli (acima) traduzirá a opinião geral que os italianos atravessaram o século XX sem terem conseguido adquirir uma grande reputação como combatentes… Em futebol sim, são dos melhores! – embora o seu estilo de jogo na retranca estrague todo o espectáculo… Agora, no que diz respeito às virtudes militares, aliados e inimigos (houve troca de uns com outros entre a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais) são concordantes na fraca opinião que manifestam sobre a sua competência.

Curiosamente, se o material humano se revelou geralmente sempre pouco motivado para a obtenção daquilo que os dirigentes italianos de cada época definiram como objectivos nacionais, há que constatar que, no que diz respeito ao outro material, e embora seja assunto não muito divulgado, a Itália sempre mostrou estar na vanguarda das realizações técnicas militares. Outros casos houve, decerto, mas vale a pena exemplificar com dois típicos, cada um deles ocorrido em sua Guerra Mundial…
A percursora de todas as pistolas-metralhadoras actuais denominava-se Villar-Perosa (acima), foi criada em 1914, e adoptada pelo exército italiano na altura em que entrou na Primeira Guerra Mundial (1915). A nova arma poderia vir a ser revolucionária, só que a doutrina para o seu emprego como arma de infantaria nunca foi devidamente estudada e implementada. Fizeram-no depois alemães e austro-húngaros, criando uma arma equivalente sua (MP18), baseada nos exemplares capturados na Batalha de Caporetto (Outubro de 1917).
Em plena Segunda Guerra Mundial (27 de Agosto de 1940), a Federação Aeronáutica Internacional creditou aos italianos a realização do primeiro voo de um avião a jacto, num protótipo designado Caproni Campini N.1 (acima). Foi um grande momento, devidamente aproveitado pela propaganda do Estado Fascista, mas os resultados não passaram dali. Menos exuberantes, alemães e britânicos também tinham em curso programas equivalentes de desenvolvimento de aviões com motores a reacção que em 1944 passaram à fase de produção**…

* O chapéu existe mesmo (!) e faz parte do uniforme dos bersaglieri, um corpo de elite do exército italiano. As penas são de galo silvestre, também conhecido por tetraz.
** O Messerschmitt Me 262 alemão e o Gloster Meteor britânico.

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