18 maio 2007

FORÇA, PAULO! AVANÇA, ´TOU CONTIGO, VAMOS EMBORA!...(Actualizado e Corrigido)*

Ainda são muitos os que se recordarão daquele boneco de Luís Nobre Guedes do programa Contra Informação que passava o sketch a incentivar o de Paulo Portas com os seus Força, Paulo! Avança, ´tou contigo, vamos embora!... Poderá ter sido uma injustiça, mas grudou a Nobre Guedes a imagem de alguém que estava sempre disposto a demonstrar-lhe um entusiasmado apoio político… mas do verbal.

Ao mesmo tempo, as últimas tendências da moda política destas últimas temporadas começaram a dar relevo a essas figuras de funções insondáveis que dão pelo nome de mandatários dos candidatos. Há mandatários nacionais, distritais, da juventude, provavelmente também da terceira idade e parece que os que dirigem as campanhas explicaram aos jornalistas para explicarem à gente que os mandatários são figuras importantes para a captação de votos…

Assim, aquele rapper (Pacman) que era mandatário da juventude de Manuel Alegre nas últimas eleições presidenciais e que dificilmente conseguia encadear duas frases é porventura o responsável de muito votos yooooh que o candidato-poeta recebeu. Se tiver sido verdade, a cidadania teve maneiras muito modernas e étnicas de se exprimir, yooooh!... Em contrapartida, o actual presidente da república deverá dever algo da sua função ao fado da Kátia Guerreiro e Mário Soares deverá agradecer parte dos seus maus resultados à incontinência verbal de Joana Amaral Dias…

Esta história dos mandatários parece ter progredido agora para uma nova fase, delirante. Os absurdos concretos que emergem da actual pré-campanha para a Câmara de Lisboa estão evidenciados neste poste. Quase tudo que ali se passa é ridículo. A começar por quem se recusa a candidatar, mas se disponibiliza para mandatar… Mas também a ideia de haver um mandatário financeiro da campanha de António Costa (Saldanha Sanches) para atrair votos... Regressando ao início deste texto, parece termos atingido a consagração como coisa séria da atitude evasiva do boneco de Nobre Guedes. Fazendo futurologia, ainda chegaremos às campanhas onde já há mandatários, só falta mesmo é arranjar o candidato…

Adenda: Já tinha afixado eu este poste quando leio que, segundo o Público de hoje, Luís Nobre Guedes, por mim considerado como o genuíno criador do verdadeiro espírito do mandatário moderno, mudou de bancada para a de candidato, agora a vereador da Câmara de Lisboa. Mas, muito (talvez mais...) importante ainda não se sabe quem é o seu mandatário. Será que ele não pode ser o seu próprio mandatário? Um dos melhores mandatários que o PP possui, de resto… Nobre Guedes, candidato e mandatário, como o Vidal Sasson, que era champô e amaciador, os dois num só…

* Um agradecimento profundo a um leitor atento com uma memória rigorosa.

4 comentários:

  1. A expressão inteira era "Força, Paulo! Avança, ´tou contigo, vamos embora!"

    No caso de Saldanha Sanches, e apesar de me parecer uma lista muito forte, o papel do senhor é de "mandatário financeiro". Eis uma nova categoria para a nobre classe dos mandatários

    ResponderEliminar
  2. Obrigado, João Pedro. Já vi que conto consigo como um leitor atento e um memorialista rigoroso e precioso para estas ocasiões.

    Vou rectificar o poste, título e tudo. Seria um disparate malbaratar a sua colaboração.

    Note-se que eu nem falei da composição das listas (nem as conheço), apenas daquele aspecto que agora se costuma designar por "a comunicação"...

    De facto, com Saldanha Sanches a aparecer na "comunicação" como "mandatário financeiro" como diz, sinto-me muito pouco "comunicado"...

    ResponderEliminar
  3. Obrigada pela referência.
    Eu não sabia que Saldanha Sanches era o mandatário financeiro. Então e o José Miguel Júdice, é o mandatário de quê? Da justiça municipal?
    Relativamente ao Luís Nobre Guedes, vamos ver se ele sevai sacrificar por Paulo Portas (sim, suspeito que não é por Lisboa).

    ResponderEliminar
  4. É sempre de reconhecer, Sofia, e dar o realce que merece quem demonstra esse sexto sentido para o que está "in" nas diversas actividades que se deixam sujeitar aos padrões da moda.

    Modas que, como acontece muito frequentemente, são ridículas...

    ResponderEliminar