05 fevereiro 2007

E ASSIM TAMBÉM NÃO...

Depois de assistir à reacção de Marcelo Rebelo de Sousa ontem, no seu programa dominical da RTP, fiquei com dúvidas se ele ousará repetir aquele método das mensagens gravadas da Net, assim como o tem estado a fazer para a campanha do referendo sobre o aborto. Por um lado, era previsível que a entrevistadora abordasse a questão do vídeo dos Gato Fedorento a imitá-lo, entretanto colocado na Net, e aí, foi visível o fair play antecipado de Marcelo.

Surpreendente foi a volatilidade com que aqule fair play se desvaneceu quando Maria Flor Pedroso mencionou que a paródia havia sido mais vista do que o original no You Tube. Aí Marcelo melindrou-se visivelmente. Displicentemente – no bom estilo à Marcelo… - desmentiu as afirmações da entrevistadora. Ora, como já aconteceu em inúmeras ocasiões anteriores nos programas de Marcelo, o seu desmentido estava errado…

Enquanto redijo este poste, o número de visitas feitas ao vídeo original de Marcelo (o que é parodiado pelos Gato Fedorento) supera um pouco as 73.000, enquanto ao exemplar mais visitado da versão parodiada o total de visitas se aproxima das 109.000 (há ainda outras cópias idênticas com 59.000, 31.000 e 13.000 visitas adicionais…). Ou seja, a paródia foi considerada na Net a verdadeira resposta a Marcelo e ninguém passou cartão a Francisco Louçã que se pôs em bicos de pés (16.000 visitas) pretendendo que lhe respondia...

Perante este exemplo concreto, considero significativo que o boneco de Ricardo Araújo Pereira, que se tornou assim tão popular, seja o de um verdadeiro contador de tangas… Ironizando com o rigor costumeiro em Marcelo, dá vontade de concluir que deverá ser por isso que o chocará – e que ele tanto destaca – que a pergunta do referendo seja uma pergunta mentirosa... Normalmente, estará habituado a que sejam as suas respostas a sê-lo…

4 comentários:

  1. Ninguém nunca mais ouvirá o MRS da mesma forma! Os Gatos Fedorentos fizeram história!

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  2. Quando a qualidade das imitações/caricaturas é elevada, dá-se aquele fenómeno espantoso que é a inversão de sentido, ou seja, ao ouvirmos o original parece-nos ser ele a imitar os imitadores.
    Sucedeu isso, em larga escala, em França com as paródias dos "Guignols de l'Info", do Canal Plus.

    O Chirac dos Guignols era bem mais saboroso do que o contraído (e cheio de tiques) presidente...

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  3. Sobretudo quando, como uma boa caricatura, se acentuam os traços mais marcantes do caricaturado, no caso, a habilidade argumentativa (a escolástica, no seu mau sentido) de Marcelo:

    - "Portanto, se a pergunta fosse “concorda com a despenalização da mulher que aborta num sítio todo badalhoco sem condições nenhumas?”, eu votava que sim. Agora, num estabelecimento de saúde autorizado, não!"

    Porque, quanto às palavras originais de Marcelo, se quem lhe presta atenção não o conhecesse de anos e anos de tantos outros malabarismos argumentativos e manobras escusas, até acreditaria que sim. Agora, em plena campanha para o referendo, não!

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  4. Resumindo, num diálogo que tenta imitar o belo estilo (do barbeiro) do Carlos Pinhão:

    - Então, sempre votas?

    - Voto, sim.

    - Votas sim?

    - Não, não voto.

    - Não votas? Mas ainda agora disseste que votavas...

    - Voto, mas não voto sim, voto não.

    Este freguês acabou mal escanhoado, com uma patilha mais curta e um golpe no queixo, um verdadeiro massacre, quase um aborto...

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