11 novembro 2006

JORGE PERESTRELO PODIA TER FEITO CRÍTICA LITERÁRIA

Mesmo sem ser um grande apreciador de futebol recordo com saudade a panóplia de expressões e interjeições com que Jorge Perestrelo saudava todas aquelas jogadas junto à pequena área em que se ficava por perceber como tudo aquilo tinha acontecido em vez de ter acabado com o desfecho natural: o golo!

Mudando de assunto e tentando colmatar talvez uma das minhas grandes deficiências, dei em folhear o suplemento literário do Público de ontem, donde retirei uns trechos poéticos de um novo livro de poesia de Jorge Reis-Sá, editado pela Quasi, editora onde, segundo creio, ele trabalha:

Ouço José Cid. Sim. Tonicha. Como colocar Tonicha num poema e querer continuar a ser escritor? Dizendo, com as letras todas que tem cada som, Tonicha e as voltas do Zé do José Cid ou dela, nem sei. Eu tenho na minha colecção estes discos porque relembro e relembro e quero lembrar mais ainda. (…) O meu pai deixava-me ver uma vez por semana um dos filmes que, depois do telejornal e da novela, vinha tirar o sono aos mais novos. Eu escolhia a segunda-feira (…). Aprendi mais com a possibilidade de me deitar mais tarde à segunda do que com todos os livros do mundo.

Sobriamente eu posso considerar que será muito improvável que me consigam explicar o que qualifica a dita poesia acima transcrita como meritória e passível de publicação e, portanto, como qualitativamente superior a centenas de entradas de carácter confessional que se lêem por essa blogosfera...

Mas que o autor me desculpe mas a minha opinião será melhor traduzida pelas expressões de Jorge Perestrelo, numa improvável associação entre poesia e as imprecações do futebol: Qué, qué isso oh meu?!...Essa até eu a metia com a minha barriguinha!!!

1 comentário:

  1. O Perestrelo, de certa forma, desmitificava o futebol, colocando-o no seu verdadeiro lugar, mostrando-o na sua real dimensão, ou seja, jogo de emoções, por vezes agradável e palpitante, mas apenas isso, um jogo, bola recebida, bola passada, "tudo fácil, tudo simples, tudo bem feito", como dizia o mestre (esse sim) José Alves dos Santos.
    Hoje, várias criaturas iluminadas têm a pretensão de nos explicar o futebol, mostrando-o como se de xadrês se tratasse, como se fosse ciência exacta, com matraquilhos fixos que obedecem cegamente às tácticas forjadas em laboratório por cérebros superiores.
    E esses comentadores (?) querem mostrar que sabem tanto ou mais do que os treinadores.
    Acaso vocências já ouviram aquela alminha chamada Luís qualquer coisa Lobo que destila sapiência na RTP 1 e na RTP N ?
    Agora até comenta jogos. Ninguém cala aquela cana rachada.
    O pesadelo é tão grande que já tenho saudades do Gabriel Alves...

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