11 novembro 2006

A IMPORTÂNCIA DE NÃO COMENTAR O SUBALTERNO*

Haja quem inveje a competência dos assessores de António Costa, desta vez parece que Duarte Moral ficou para trás numa notícia publicada no seu jornal de origem (Diário de Notícias), assinada por Licínio Lima, onde o deputado Fernando Negrão do PSD censura António Costa por ter chamado subalterno ao director da PJ.

Na sua origem, estará uma resposta que parece ter sido deliberadamente curta e grossa de António Costa a um pedido de comentário feito por uma revista sobre umas declarações prévias que haviam sido proferidas pelo director do PJ a respeito da actuação da PSP, organismo que está sob a alçada do ministério de que Costa é o titular.

E depois vem Negrão embrulhar o assunto (A magistratura não pode sujeitar-se a situações destas), como se a qualidade de magistrado do visado tivesse algum envolvimento com a sobranceria com que Costa rebaixa o actual sucessor de Negrão (Não comento declarações de subalternos de colegas meus), o que evidentemente é absurdo.

Quase a rematar, vem a constatação que o director nacional da PJ é, de facto, um subalterno do ministro da Justiça e que, a haver uma acusação, seria a do muito mau gosto e pedantismo do ministro, e com tudo isto se estica uma notícia para uma ocupação de meia página do jornal, sendo um quarto da mesma ocupada por uma grande fotografia de António Costa…

Será pertinente perguntarmo-nos pela oportunidade de todo este destaque precisamente neste fim-de-semana?

* Adaptação do título de uma peça de Óscar Wilde "A importância de se chamar Ernesto". Outra variação possível seria "A importância de se chamar... António Costa"

1 comentário:

  1. É o exemplo acabado do mexerico de que o povo gosta porque tem mau gosto ou porque é isso que lhe servem nas páginas dos jornais, nas ondas da Rádio e nos écrans de televisão.
    No fundo, quando ministros e magistrados se entretêm com palermices destas, é bem a prova de que vivemos num país que é uma enorme casa de (sub)alterno...

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